A lacuna cultural no ChatGPT está impulsionando o surgimento de novas inteligências artificiais (IA) criadas por fundadores negros para atender melhor às comunidades.
John Pasmore, veterano na área de inteligência artificial, inicialmente ficou entusiasmado com o ChatGPT, mas logo percebeu suas limitações culturais.
O modelo de IA, embora poderoso, tem um viés eurocêntrico e ocidental, o que gera respostas generalizadas e muitas vezes desconsidera figuras e experiências de comunidades não europeias. Isso despertou críticas de muitos negros que se sentem mal representados.
Para enfrentar esses desafios, Pasmore lançou o Latimer.AI, um modelo de linguagem projetado para refletir as experiências de pessoas negras e pardas.
Outros fundadores negros também estão criando alternativas.
Erin Reddick desenvolveu o ChatBlackGPT, um chatbot em fase beta que responde a perguntas específicas sobre a cultura negra.
No Canadá, o Spark Plug oferece uma IA adaptada para estudantes negros e pardos, enquanto na África, novos modelos linguísticos estão sendo desenvolvidos para atender às diversas línguas e dialetos do continente.
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IA culturalmente inclusiva: Uma nova necessidade
Tamar Huggins, fundadora do Spark Plug, enfatiza a importância de criar sistemas com IA que respeitem e representem as histórias das comunidades negras.
Seu modelo traduz material educacional para o inglês vernacular afro-americano (AAVE), garantindo maior precisão cultural.
Huggins trabalha com educadores, linguistas e especialistas culturais para treinar e validar seu algoritmo, assegurando que ele reflita com precisão a experiência dos usuários.
Erin Reddick, por sua vez, está colaborando com instituições de ensino como universidades historicamente negras (HBCUs) para desenvolver o ChatBlackGPT.
Essa IA visa proporcionar um espaço seguro e informativo para que pessoas negras e pardas explorem a inteligência artificial.
Reddick está empenhado em criar uma ferramenta que responda de maneira relevante às questões culturais, ao contrário dos modelos tradicionais que muitas vezes falham em capturar essas nuances.
A criação do Latimer.AI por Pasmore também se destaca, com uso de fontes específicas, como o Amsterdam News, um dos jornais negros mais antigos dos EUA, para treinar seu modelo.
Pasmore cita exemplos onde seu modelo de se diferencia do ChatGPT, como ao abordar a Ferrovia Subterrânea, preferindo termos como “escravizados” em vez de “escravos fugitivos”.
Essas novas IAs não apenas preenchem a lacuna deixada pelo ChatGPT, mas também sublinham a necessidade de uma tecnologia mais inclusiva.
As inovações de Pasmore, Reddick e Huggins estão liderando um movimento importante na tecnologia, mostrando que a inclusão cultural na IA não é apenas desejável, mas essencial para o avanço tecnológico.