Pesquisadores da Escola Médica de Harvard desenvolveram um modelo de inteligência artificial (IA) que promete transformar o diagnóstico de câncer.
A nova tecnologia, semelhante ao ChatGPT, oferece uma precisão de 96% na detecção de células cancerígenas e pode prever a resposta ao tratamento, além de estimar a sobrevivência do paciente. Batizado de CHIEF (Clinical Histopathology Imaging Evaluation Foundation), o sistema foi testado em 19 tipos diferentes de câncer, incluindo esôfago, próstata, estômago e cólon, superando significativamente as abordagens atuais.
A inteligência artificial desenvolvida vai além das soluções tradicionais, que costumam ser limitadas a uma única tarefa. O CHIEF, por outro lado, é versátil e pode diagnosticar múltiplos tipos de câncer, prever o perfil genético de tumores e auxiliar médicos na escolha do tratamento mais adequado.
“Nossa ambição era criar uma plataforma de IA ágil e versátil, semelhante ao ChatGPT, que pudesse executar uma ampla gama de tarefas de avaliação de câncer”, explicou Kun-Hsing Yu, professor assistente de informática biomédica da Harvard Medical School.
Os sistemas atuais de inteligência artificial muitas vezes dependem de imagens específicas para analisar tumores, o que limita seu uso em diferentes tipos de câncer. O CHIEF, no entanto, foi treinado para analisar tanto imagens completas quanto seções específicas de tecidos tumorais, o que possibilita um diagnóstico mais holístico.
Essa capacidade torna o sistema adaptável a diferentes técnicas de obtenção de imagens, sejam biópsias ou tecidos extraídos cirurgicamente.
Inteligência artificial
Além de detectar câncer com alta precisão, a inteligência artificial também mostrou habilidade para identificar mutações genéticas que influenciam na resposta ao tratamento. O sistema alcançou 96% de precisão na detecção de uma mutação comum em linfomas, superando métodos tradicionais de IA em vários aspectos.
Essa característica permite que oncologistas façam previsões mais precisas sobre a eficácia de terapias, como a quimioterapia e a imunoterapia, o que pode revolucionar o tratamento do câncer em escala global.
Outro ponto importante do CHIEF é a sua capacidade de prever a sobrevivência de pacientes com base em imagens tumorais. Em estudos realizados em 17 instituições, o sistema se mostrou capaz de diferenciar pacientes com maior risco de mortalidade daqueles com melhores prognósticos.
O modelo criou mapas de calor que evidenciam áreas de interesse dentro dos tumores, como a presença de células imunes em maior número, algo que pode indicar uma resposta imunológica eficaz contra o câncer.
Com essa tecnologia, a expectativa é que diagnósticos de câncer se tornem mais rápidos e precisos, proporcionando melhores chances de tratamento e recuperação. “Se validada e amplamente implementada, essa abordagem pode identificar precocemente pacientes que se beneficiariam de tratamentos experimentais”, concluiu Yu.
A inteligência artificial CHIEF se posiciona, assim, como uma ferramenta poderosa no combate ao câncer, com potencial para salvar vidas ao redor do mundo.