Inteligência Artificial é usada para detectar câncer e alcança taxa de acerto impressionante.

Por Cássio Gusson
Inteligência artificial ajudando na saúde. Foto: Dall-e

Pesquisadores de diversas instituições internacionais, incluindo o Centro de Regulação Genômica (CRG) e a Universidade do País Basco, desenvolveram uma nova ferramenta de inteligência artificial chamada AINU, capaz de diferenciar células cancerígenas de células normais com uma precisão impressionante.

Além disso, essa IA pode detectar estágios iniciais de infecções virais nas células, oferecendo uma nova perspectiva para diagnósticos mais rápidos e precisos.

A AINU, sigla para “AI of the NUcleus” (IA do Núcleo), utiliza imagens de resolução nanoscópica obtidas por uma técnica de microscopia avançada chamada STORM. Essa tecnologia permite capturar detalhes celulares muito além do que os microscópios convencionais conseguem, revelando estruturas em uma escala de nanômetros, onde um nanômetro equivale a um bilionésimo de metro.

Com essa alta definição, a AINU pode identificar alterações mínimas dentro das células, como reorganizações nucleares que indicam a presença de câncer ou infecções virais, muito antes que essas mudanças se tornem visíveis por métodos tradicionais. Em testes, a IA conseguiu detectar alterações celulares tão pequenas quanto 20 nanômetros, um valor 5.000 vezes menor que a largura de um fio de cabelo humano.

Inteligência Artificial para detectar câncer

Um dos aspectos mais promissores da AINU é sua aplicação na detecção precoce de câncer. Após ser treinada com imagens de alta resolução de diferentes tipos de células, a IA aprendeu a identificar padrões específicos que distinguem células cancerígenas de normais. Essa capacidade de detecção precoce pode proporcionar aos médicos um tempo valioso para monitorar a progressão da doença e personalizar tratamentos, melhorando significativamente os resultados dos pacientes.

Além do câncer, a AINU demonstrou habilidade para detectar infecções virais em seus estágios iniciais. Em um experimento, a IA foi capaz de identificar alterações nucleares em células infectadas pelo vírus herpes simplex tipo 1 apenas uma hora após a infecção, algo que seria impossível com métodos convencionais. Isso poderia revolucionar a forma como infecções virais são diagnosticadas, permitindo intervenções mais rápidas e eficazes.

Embora a AINU ainda esteja em fase de pesquisa, as possibilidades futuras são vastas. No curto prazo, a tecnologia promete acelerar a pesquisa científica, especialmente no campo das células-tronco. A IA mostrou-se capaz de identificar células-tronco pluripotentes, que têm o potencial de se transformar em qualquer tipo de célula no corpo, com alta precisão, o que pode facilitar o desenvolvimento de terapias celulares mais seguras e eficazes.

Os pesquisadores reconhecem que ainda existem desafios técnicos a serem superados antes que a AINU possa ser amplamente utilizada em ambientes clínicos, como a necessidade de equipamentos especializados e a capacidade de analisar um grande número de células de uma só vez. No entanto, com os avanços rápidos na tecnologia de imagem, espera-se que essas barreiras sejam superadas em breve, abrindo caminho para a aplicação clínica dessa poderosa ferramenta de diagnóstico.

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Jornalista especializado em tecnologia, com atuação de mais de 10 anos no setor tech público e privado, tendo realizado a cobertura de diversos eventos, premiações a anúncios.
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