A Authors Guild, maior associação de escritores dos Estados Unidos, decidiu enfrentar a onda de livros escritos por inteligência artificial que dominam plataformas online.
Nessa quarta-feira (29), a entidade anunciou o selo “Human Authored” (Autoria Humana). O certificado digital comprova que uma obra é de autoria de uma pessoa, não de IA.
O objetivo é criar um selo de confiança para leitores e valorizar autores em meio à saturação de conteúdos cuja autoria é de IAs.
A iniciativa chega em um momento crítico: só em 2023, a Amazon retirou mais de 10 mil títulos suspeitos de serem de autoria 100% por IA, de acordo com relatório interno.
Com o novo selo, os escritores da Guild podem registrar seus livros em um banco de dados público. A esse banco qualquer pessoa verificará se a autoria é humana.
Por ora, o recurso está restrito a membros da associação e obras de autor único. No entanto, a promessa é que, em breve, não associados e obras coletivas também poderão utilizar o recurso.
Esse é mais um problema que os autores humanos estão enfrentando. Vários deles já processaram empresas como a Anthropic por treinamento de IA com seus livros sem autorização.
Como funciona a certificação para os livros
Para habilitar uma obra ao selo, os livros precisam ser “quase inteiramente escritos por humanos”, conforme as regras da Guild.
Ferramentas de IA são permitidas apenas em funções coadjuvantes, como correção gramatical, organização de referências ou pesquisa — desde que não interfiram na “voz única” do autor.
Em uma declaração, a CEO da Authors Guild, afirmou:
A iniciativa Human Authored não é sobre rejeitar a tecnologia — é sobre criar transparência, reconhecer o desejo do leitor por conexão humana e celebrar os elementos exclusivamente humanos da narrativa.
Plataformas como Kindle Direct Publishing (KDP) viram uma explosão de livros escritos por ChatGPT e similares, muitos disfarçados de obras humanas.
No início do ano passado, a Amazon reduziu o limite de publicações diárias por autor para três obras. O que já é um limite bem alto para um autor humano, mas muitos usuários estavam postando mais do que isso com livros feitos por IA.
Outro problema grande que surgiu com a facilidade de criar um livro com IA é a cópia de obras originais.
Um exemplo é um caso relatado pelo Washington Post, citando um livro técnico, que o autor levou mais de um ano para escrever e, após publicá-lo, uma cópia feita com IA e título idêntico surgiu em poucas semanas.
Resumos de livros populares escritos por IA também se revelaram uma tendência, muitas vezes prejudicando a obra original e até mesmo enganando o leitor, fazendo-o acreditar que se trata do livro em si.