Livros nos EUA vão poder contar com selo ‘Escrito por Humanos’ para combater epidemia de obras de IA

Por Luciano Rodrigues
Imagem: Dall-E

A Authors Guild, maior associação de escritores dos Estados Unidos, decidiu enfrentar a onda de livros gerados por inteligência artificial que dominam plataformas online.

Nessa quarta-feira (29), a entidade anunciou o selo “Human Authored” (Autoria Humana), um certificado digital que comprova que uma obra foi escrita integralmente por pessoas.

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O objetivo é criar um selo de confiança para leitores e valorizar autores em meio à saturação de conteúdos automatizados.

A iniciativa chega em um momento crítico: só em 2023, a Amazon retirou mais de 10 mil títulos suspeitos de serem 100% gerados por IA de sua loja, segundo relatório interno.

Com o novo selo, os associados da Guild podem registrar seus livros em um banco de dados público, onde qualquer pessoa verificará se a autoria é humana.

Por ora, o recurso está restrito a membros da associação e obras de autor único, mas a promessa é estendê-lo a não associados e obras coletivas.

Esse é mais um problema que os autores humanos estão enfrentando, sendo que vários já processaram empresas como a Anthropic por treinamento de IA com seus livros sem autorização.

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Como funciona a certificação para os livros

Para receber o selo, os livros precisam ser “quase inteiramente escritos por humanos”, conforme as regras da Guild.

Ferramentas de IA são permitidas apenas em funções coadjuvantes, como correção gramatical, organização de referências ou pesquisa — desde que não interfiram na “voz única” do autor.

Em uma declaração, a CEO da Authors Guild, afirmou:

A iniciativa Human Authored não é sobre rejeitar a tecnologia — é sobre criar transparência, reconhecer o desejo do leitor por conexão humana e celebrar os elementos exclusivamente humanos da narrativa.

Plataformas como Kindle Direct Publishing (KDP) viram uma explosão de livros escritos por ChatGPT e similares, muitos disfarçados de obras humanas.

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No início do ano passado, a Amazon reduziu o limite de publicações diárias por autor para três obras. O que já é um limite bem alto para um autor humano, mas muitos usuários estavam postando mais do que isso com livros feitos por IA.

Outro problema grande que surgiu com a facilidade de criar um livro com IA é a cópia de obras originais.

Um exemplo é um caso relatado pelo Washington Post, citando um livro técnico, que o autor levou mais de um ano para escrever e, após publicá-lo, uma cópia feita com IA e título idêntico surgiu em poucas semanas.

Resumos de livros populares escritos por IA também se revelaram uma tendência, muitas vezes prejudicando a obra original e até mesmo enganando o leitor, fazendo-o acreditar que se trata do livro em si.

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Jornalista, assessor de comunicação, escritor e comunicador, com MBA em jornalismo digital e 12 anos de experiência, tendo passado também por alguns veículos no setor tech.
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