Scarlett Johansson acusa OpenAI de usar sua voz sem permissão no ChatGPT

Por Luciano Rodrigues
Scarlett Johansson acusa OpenAI de usar sua voz sem permissão no ChatGPT - Imagem: Dall-E

Na última semana, a OpenAI revelou uma nova interface de conversação para o ChatGPT, equipada com uma voz sintética expressiva que se assemelha à da assistente de Inteligência Artificial do filme “Her”. No entanto, a nova voz foi desativada repentinamente no fim de semana após uma intervenção legal de Scarlett Johansson.

Nessa segunda-feira (20), Scarlett Johansson emitiu um comunicado alegando que forçou a reversão da nova voz, após seus advogados exigirem que a OpenAI esclarecesse como a voz foi criada.

De acordo com a atriz, o CEO da OpenAI, Sam Altman, a procurou em setembro passado para fornecer a nova voz do ChatGPT, mas ela recusou. Surpreendentemente, na semana passa a empresa demonstrou uma nova voz que soava muito semelhante à dela. Johansson descreveu sua reação como “chocada, irritada e incrédula” ao perceber que Altman encorajava a comparação com seu desempenho no filme “Her”, chegando a twittar “ela” em referência ao filme.

Johansson afirmou que seu agente foi contatado por Altman dois dias antes da demonstração, pedindo que reconsiderasse sua decisão de não trabalhar com a OpenAI. Após a demonstração, ela contratou um consultor jurídico para exigir detalhes de como a nova voz foi criada. Esse movimento resultou no anúncio da OpenAI no domingo (19), afirmando que a voz sintética, chamada “Sky”, seria pausada temporariamente.

OpenAI diz que Sky é voz não é de Scarlett Johansson

A OpenAI explicou que Sky é uma das várias vozes sintéticas introduzidas ao ChatGPT em setembro passado, com uma entonação muito mais realista e sinais emocionais na demonstração recente. A empresa mencionou que a voz de Sky pertence a uma atriz profissional diferente, não sendo uma imitação de Johansson.

“Por enquanto, estamos pausando o uso da voz da Sky enquanto abordamos algumas questões, mas esperamos trazê-la de volta em breve”, disse Niko Felix, porta-voz da OpenAI.

Este conflito adiciona uma nova camada aos desafios que a OpenAI enfrenta com artistas, escritores e outros criativos. A empresa já está envolvida em várias ações judiciais que alegam o uso indevido de conteúdo protegido por direitos autorais para treinar seus algoritmos.

A evolução da IA generativa tornou possível a criação de vozes sintéticas realistas, abrindo novas oportunidades e também ameaças. Em janeiro, eleitores em New Hampshire, nos Estados Unidos, receberam ligações automáticas com uma falsa mensagem de voz do presidente norte-americano Joe Biden. Em março, a OpenAI revelou ter desenvolvido tecnologia capaz de clonar a voz de alguém a partir de um clipe de 15 segundos, mas decidiu não lançá-la devido aos potenciais abusos.

Atores e dubladores, inclusive no Brasil, têm participado de movimentos para garantir que suas vozes ou mesmo suas imagens não sejam usadas sem autorização e, principalmente, impeçam que eles posam continuar trabalhando profissionalmente. A pausa no uso da voz Sky pelo ChatGPT destaca os desafios éticos e legais que a IA generativa enfrenta.

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Jornalista, assessor de comunicação, escritor e comunicador, com MBA em jornalismo digital e 12 anos de experiência, tendo passado também por alguns veículos no setor tech.
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