Startups de música de IA, Suno e Udio, acusam gravadoras de tentar impedir competição

Por Luciano Rodrigues
Startups de música de IA, Suno e Udio, acusam gravadoras de tentar impedir competição - Imagem: Dall-E

Semanas após enfrentarem processos por violação de direitos autorais, as startups de música de Inteligência Artificial Suno e Udio acusaram as gravadoras de tentarem suprimir a competição na indústria musical.

As empresas admitiram ter treinado seus modelos de IA com materiais protegidos por direitos autorais, argumentando que essa prática é legal sob a doutrina do uso justo.

Os processos foram abertos em junho pela Recording Industry Association of America (RIAA), representando grandes gravadoras como Universal Music Group (UMG), Sony Music Entertainment e Warner Records.

As acusações contra Suno e Udio envolvem “violação de direitos autorais devido à cópia não licenciada de gravações sonoras em grande escala”. A RIAA busca indenizações de até US$ 150 mil por cada trabalho violado.

As ferramentas de geração de música de IA da Udio e da Suno permitem que usuários criem músicas digitando descrições escritas e, segundo a RIAA, algumas dessas faixas contêm vocais que imitam artistas famosos como Bruce Springsteen, Michael Jackson e ABBA.

Suno e Udio dizem que aprendizado não é cópia

Em resposta, Suno e Udio argumentaram que os processos evidenciam a oposição da indústria musical à competição.

A Udio se manifestou no processo dizendo que:

Ajudar as pessoas a gerar novas expressões artísticas é o que a lei de direitos autorais foi criada para encorajar, não proibir.”

Eles afirmam que o uso de gravações existentes para identificar padrões e permitir novas criações é um “uso justo” clássico.

Em um blog, a Suno comparou seu treinamento de modelo ao aprendizado de uma criança, que absorve e cria a partir de influências musicais sem copiar diretamente as faixas. A empresa também destacou que outros provedores de IA, como OpenAI, Google e Apple, também utilizam dados da internet aberta para treinamento.

A maior parte da internet contém materiais protegidos por direitos autorais, e parte dela é de propriedade de grandes gravadoras. Aprender não é infringir. Nunca foi, e não é agora.”

Em resposta às declarações das startups, a RIAA afirmou que as empresas não obtiveram o consentimento necessário para usar obras protegidas antes de lançarem suas ferramentas, ao contrário de serviços como o YouTube.

“Não há nada justo em roubar o trabalho da vida de um artista, extrair seu valor central e reembalá-lo para competir diretamente com os originais. A visão deles do ‘futuro da música’ é aparentemente aquela em que os fãs não mais apreciarão a música de seus artistas favoritos porque esses artistas não podem mais ganhar a vida.”

A disputa destaca um conflito crescente entre a inovação tecnológica e a proteção de direitos autorais, colocando em questão como a indústria musical pode evoluir enquanto protege os interesses dos criadores de conteúdo.

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Jornalista, assessor de comunicação, escritor e comunicador, com MBA em jornalismo digital e 12 anos de experiência, tendo passado também por alguns veículos no setor tech.
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