Trend de IA no estilo Ghibli consome energia de uma cidade

Por Luciano Rodrigues
Imagem: Dall-E
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    • IA gerou mais de 40 milhões de imagens por dia.
    • Consumo equivale à energia de uma cidade com 10 mil habitantes.
    • Especialistas pedem uso de fontes renováveis nos data centers.

A febre das imagens geradas por inteligência artificial no estilo Studio Ghibli, que dominou as redes sociais, revelou um custo oculto: o impacto energético.

Segundo a MIT Technology Review, só durante o auge da trend, a criação de imagens consumiu o suficiente para abastecer mais de 7 mil residências brasileiras em um único dia.

Desde que a OpenAI liberou a geração de imagens no ChatGPT para todos os usuários, milhões de pessoas passaram a experimentar o recurso. Na penúltima semana, durante o pico da trend, o mundo gerou mais de 40 milhões de imagens por dia. Cada uma consome cerca de 1 watt-hora (Wh), totalizando 40 megawatt-horas (MWh) diários — energia que poderia manter cidades como Abaeté (MG), com quase 23 mil habitantes, funcionando por um dia.

O CEO da MIT Technology Review Brasil, André Miceli, destacou a gravidade do cenário. Segundo ele, “a transformação digital precisa caminhar junto com a responsabilidade energética.” Ele lembra que a “criatividade” proporcionada pela IA traz ganhos, mas exige consciência sobre seus impactos no planeta.

Alta demanda de IA desafia estrutura e sustentabilidade digital

A pressão sobre a infraestrutura digital ficou evidente quando Sam Altman, CEO da OpenAI, comentou que as GPUs da empresa estavam “derretendo” diante do volume de solicitações. Embora tenha usado um tom bem-humorado, a frase escancarou o problema: a IA generativa já pressiona a matriz energética global.

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Para Hudson Mendonça, CEO do Energy Summit, principal evento de inovação e empreendedorismo em energia e sustentabilidade:

Cada prompt enviado a uma IA consome energia. E, quando isso acontece em escala de bilhões, temos uma pressão silenciosa, mas crescente, sobre a infraestrutura energética. O desafio é garantir que essa nova era digital seja alimentada por fontes limpas e sustentáveis, e não por uma matriz ultrapassada que comprometa nossas metas climáticas.

Especialistas defendem avanços em eficiência computacional e expansão do uso de energias renováveis nos data centers, como caminhos para equilibrar inovação e sustentabilidade. A tendência é clara: se não houver ação agora, o custo ambiental dessas inovações crescerá junto com sua popularidade.

A discussão reforça a urgência de pensar a IA como um setor estratégico na transição energética global, não apenas como tecnologia de entretenimento. E, como apontam os especialistas, o tempo para agir é agora.

 

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Jornalista, assessor de comunicação, escritor e comunicador, com MBA em jornalismo digital e 12 anos de experiência, tendo passado também por alguns veículos no setor tech.
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