Liberdade de expressão? Musk processa críticos da X nos EUA e recebe apoio de juiz que possui ações da Tesla, em decisão polêmica

Por Luciano Rodrigues
Musk processa críticos da X nos EUA e recebe apoio de juiz que possui ações da Tesla, em decisão polêmica - Imagem: Dall-E

Um processo judicial movido pela plataforma X, (antigo Twitter) e agora de propriedade de Elon Musk, contra a organização de monitoramento de mídia Media Matters for America (MMFA) continuará após uma decisão controversa do juiz Reed O’Connor.

Nessa quinta-feira (30), O’Connor, que tem interesse financeiro na Tesla, uma das empresas de Musk, negou uma moção para arquivar o processo, permitindo que a ação judicial siga adiante.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

O processo foi iniciado no Texas no ano passado e acusa a MMFA de ser responsável por relatórios negativos que levaram várias empresas a retirarem seus anúncios da X.

Embora a X esteja sediada na Califórnia, o juiz justificou que o processo fosse mantido no Texas, argumentando que a MMFA “mirou” anunciantes da X com sede no estado, como Oracle e AT&T, em seus artigos.

A decisão levantou preocupações sobre a imparcialidade do julgamento, dado o envolvimento financeiro do juiz em uma das empresas de Musk.

A Media Matters for America é uma organização sem fins lucrativos dedicada a monitorar, analisar e corrigir a desinformação na mídia dos Estados Unidos, especialmente em fontes conservadoras.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

O processo da X contra a MMFA não se baseia em alegações de difamação tradicional, onde se acusaria a organização de ter feito declarações factualmente incorretas.

Em vez disso, a X argumenta que a MMFA deliberadamente induziu o algoritmo da plataforma a exibir anúncios junto a conteúdo racista, o que teria levado os anunciantes a se afastarem.

A X alega que a MMFA teria manipulado a plataforma para encontrar e destacar exemplos negativos, o que, segundo o processo, seria uma forma de uso indevido da rede social.

A decisão de O’Connor em permitir que o caso prossiga é vista como uma vitória para Musk e sua equipe legal, que possuem recursos praticamente ilimitados para enfrentar os críticos.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

No entanto, a decisão também reforça as críticas de que Musk está usando o sistema jurídico para silenciar opositores em vez de responder às críticas de forma transparente.

Além disso, surgiram preocupações sobre a imparcialidade do juiz após a revelação de que ele detém entre US$ 15 mil e US$ 50 mil em ações da Tesla.

Embora O’Connor tenha alegado conflito de interesses e recusado a participação em outro processo envolvendo Musk, contra anunciantes que deixaram de anunciar na X, ele não viu problema em continuar atuando neste caso, onde os resultados podem beneficiar uma das empresas de Musk.

Em casos similares, juízes rejeitaram processos da X

Este processo contrasta fortemente com outro movido pela X contra o Center for Countering Digital Hate (CCDH), que foi recentemente rejeitado por um juiz na Califórnia.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Nesse caso, o juiz Charles Breyer criticou a X por tentar punir uma organização sem fins lucrativos por expressar suas opiniões, destacando que o processo parecia uma tentativa de silenciar críticas legítimas.

As decisões divergentes nos dois casos sublinham as complexidades legais em torno dos esforços de Musk para proteger a reputação de suas empresas, ao mesmo tempo em que levantam questões sobre o uso de processos judiciais para intimidar críticos e limitar a liberdade de expressão.

 

Compartilhe:
Siga:
Jornalista, assessor de comunicação, escritor e comunicador, com MBA em jornalismo digital e 12 anos de experiência, tendo passado também por alguns veículos no setor tech.
Sair da versão mobile