69% dos brasileiros acreditam que seus celulares e televisão espionam suas conversas

Por Cássio Gusson
Looi transforma seu celular em um robô para te ajudar nas tarefas diárias. Foto: Dall-e

Brasileiros temem por sua segurança digital, desconfiam das soluções legais apresentadas por seus governos e demonstram, ao mesmo tempo, otimismo e ansiedade em relação ao futuro da inteligência artificial. Esses são alguns insights de uma pesquisa realizada pela Sherlock Communications com quase 3.500 entrevistados na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru, incluindo mais de 850 brasileiros. O estudo foi compilado no ebook Cibersegurança: Proteção de Dados e IA na América Latina.

No Brasil, 69% acreditam que seus dispositivos pessoais estão ouvindo suas conversas em segredo. A desconfiança também se estende ao setor privado, com 76% dos entrevistados afirmando que temem que as empresas vendam seus dados pessoais sem permissão, enquanto apenas 32% dos entrevistados disseram acreditar que as leis de proteção de dados efetivamente os protegem.

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Preocupações similares se estendem ao campo da inteligência artificial. 63% dos brasileiros concordaram que o uso da inteligência artificial para armazenamento de informações pode aumentar o risco da fraude de dados. Mesmo assim, a ampla maioria dos entrevistados é otimista, com 70% concordando com a afirmação de que a inteligência artificial trará uma enorme mudança positiva para a vida das pessoas.

Mudança de hábitos

Outros dados do relatório apontam:

  • 55% não atendem mais chamadas telefônicas de números não identificados, citando o incômodo com telemarketing e golpes;
  • 66% dizem ser muito difícil saber se estão falando com um humano ou chatbot ao conversar com empresas;
  • 68% temem perder seus empregos para inteligência artificial;
  • 67% se dizem preocupados com o uso da IA para criar notícias falsas;
  • 68% temem pelo impacto da AI na democracia.

Segundo o levantamento, 43% dos entrevistados disseram estar limitando a quantidade de dados pessoais que compartilham online, 83% afirmam usar senhas fortes e 87% evitam clicar em links em mensagens não solicitadas.

Os usuários também relatam a aplicação de medidas que garantam a própria proteção, com 74% dos entrevistados adotando autenticação em dois fatores e 51% utilizando um e-mail secundário apenas para compras online. No quadro geral, os brasileiros tendem a se sair melhor que o resto da América Latina em boas práticas de proteção de dados.

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Um dado curioso, que contradiz a percepção de insegurança comum no Brasil: somente 11% dos brasileiros afirmam que já tiveram seus celulares ou outros dispositivos roubados. Esse é o menor número entre todos os países pesquisados. Em comparação, 23% dos peruanos relatam já terem sido roubados, mais que o dobro dos brasileiros, proporcionalmente.

“Estamos à beira de uma revolução tecnológica. Essa era promete um potencial monumental para o crescimento tecnológico, inovação e liderança na construção do futuro. Também apresenta sérios desafios que exigem intervenções e soluções inovadoras, tanto de governos quanto de empresas”, afirma André Duffles T. Aranega, Consultor de Segurança digital na Sherlock Communications.

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Jornalista especializado em tecnologia, com atuação de mais de 10 anos no setor tech público e privado, tendo realizado a cobertura de diversos eventos, premiações a anúncios.
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