Desinformação nas redes pode ter grande efeito, mesmo vindo de pequenos grupos, revelam estudos

Por Luciano Rodrigues
Desinformação nas redes pode ter grande efeito, mesmo vindo de pequenos grupos, revelam estudos - Imagem: Dall-E

deDois estudos sobre desinformação nas redes sociais, publicados na quinta-feira (30), na revista Science, mostraram que um pequeno grupo de “supercompartilhadores” é responsável pela maioria das “fake news”. Composto predominantemente por mulheres republicanas mais velhas, esse grupo foi responsável pela maior parte da desinformação durante o período analisado.

O estudo do MIT, liderado por Jennifer Allen, revelou que a exposição à desinformação sobre vacinas, especialmente alegações de efeitos negativos, reduziu a intenção de vacinação em 2020.

Conteúdos marcados como desinformação tiveram um impacto significativo na hesitação vacinal. No entanto, o volume não sinalizado foi muito maior, sugerindo que seu efeito global foi mais prejudicial.

Os pesquisadores destacaram que a desinformação frequentemente vinha de grandes veículos de mídia, publicando informações enganosas sobre riscos ou estudos.

Um exemplo foi a manchete do Chicago Tribune sobre a morte de um médico após a vacinação contra a COVID-19, que, apesar de não apresentar nenhuma prova de ligação sobre o ocorrido e a morte, não foi marcada como enganosa e foi vista 55 milhões de vezes.

Desinformação ainda é pouco sinalizada nas redes

O segundo estudo, realizado por um grupo multiuniversitário, descobriu que 2.107 eleitores registrados nos EUA foram responsáveis por 80% da desinformação durante a eleição de 2020.

Os pesquisadores analisaram a atividade de 664.391 eleitores comparados com usuários ativos no X (então Twitter) e encontraram um subconjunto deles que estava massivamente engajado na divulgação de fake news.

Esses “supercompartilhadores” eram em sua maioria mulheres mais velhas, brancas e republicanas, que promoviam e compartilhavam links de notícias políticas falsas com um efeito de rede significativamente maior do que os usuários comuns.

Os supercompartilhadores não eram bots ou fazendas de contas automatizadas. Em vez disso, eles geravam um volume massivo de compartilhamentos de desinformação de forma manual e persistente.

Comparados com outros usuários, eles eram mais propensos a serem republicanos e mais velhos, com uma média de 58 anos, em contraste com a média de 41 anos do grupo geral.

Os estudos sugerem que, embora esses supercompartilhadores representem uma fração da população, seu impacto na disseminação de desinformação é desproporcionalmente grande, mostrando a necessidade de medidas mais eficazes para combater a desinformação online.

Compartilhe:
Siga:
Jornalista, assessor de comunicação, escritor e comunicador, com MBA em jornalismo digital e 12 anos de experiência, tendo passado também por alguns veículos no setor tech.
Sair da versão mobile