Meta, Activision e fabricante de armas são processadas por vítimas de tiroteios

Por Luciano Rodrigues
Meta, Activision e fabricante de armas são processadas por vítimas de tiroteios - Imagem: Dall-E

Meta, Activision e a fabricante de armas Daniel Defense estão sendo processadas pelas famílias das vítimas do tiroteio na Robb Elementary School em Uvalde, Texas, ocorrido em 2022. Representadas pelo advogado Josh Koskoff, conhecido por ganhar um acordo da Remington para as famílias das vítimas do tiroteio em Sandy Hook, as ações judiciais acusam essas empresas de contribuírem para a tragédia.

O processo alega que, nos últimos 15 anos, as gigantes da tecnologia colaboraram com a indústria de armas em um esquema que fez com que a campanha de Joe Camel parecesse inofensiva. Especificamente, o processo aponta para a franquia de videogame “Call of Duty” da Activision e para o Instagram, de propriedade da Meta.

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A campanha de Joe Camel foi uma série de anúncios publicitários para os cigarros Camel, da marca R.J. Reynolds, que apresentava um personagem de desenho animado chamado Joe Camel. A campanha começou no final dos anos 1980 e rapidamente se tornou controversa porque muitos acreditavam que ela era direcionada a crianças e adolescentes, incentivando-os a começar a fumar. As críticas levaram a um aumento do escrutínio regulatório e a uma série de processos judiciais, resultando eventualmente na retirada de Joe Camel da publicidade em 1997.

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O processo descreve “Call of Duty” como uma forma astuta de marketing que ajudou a cultivar uma base de consumidores jovem para o rifle de assalto AR-15. Além disso, acusa o Instagram de ter regras frágeis que proíbem ostensivamente a publicidade de armas, mas que funcionam como um manual para a indústria de armas. Em comunicado, a Activision expressou simpatia pelas famílias, mas afirmou:

“Milhões de pessoas em todo o mundo gostam de videogames sem recorrer a atos horríveis”.

Na narrativa do processo, o atirador de Uvalde era jogador de “Call of Duty: Modern Warfare” e foi alvo de publicidade de Daniel Defense no Instagram. A Meta proíbe a venda de armas em suas plataformas, mas, segundo o The Washington Post, a empresa permite até dez infrações antes de banir os vendedores de armas.

“Os réus estão mastigando adolescentes alienados e cuspindo atiradores em massa”, argumenta o processo.

Essa acusação acende novamente o debate entre políticos sobre se os videogames promovem a violência armada. Uma revisão recente do Stanford Brainstorm Lab, que analisou 82 artigos de pesquisa médica, concluiu que não há ligação causal entre jogar videogames e violência armada na vida real.

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A batalha legal das famílias das vítimas de Uvalde contra a Activision, a Meta e a Daniel Defense destaca as complexas questões sobre a influência da tecnologia e do marketing na promoção da violência. A resolução deste caso pode ter implicações significativas para as indústrias de tecnologia e armas, e para a sociedade como um todo.

O ataque na Robb Elementary School ocorreu em 24 de maio de 2022, quando um atirador de 18 anos entrou na escola e abriu fogo, matando 21 pessoas, incluindo 19 crianças e dois professores. Este trágico incidente gerou debates intensos sobre controle de armas e segurança escolar nos Estados Unidos.

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Jornalista, assessor de comunicação, escritor e comunicador, com MBA em jornalismo digital e 12 anos de experiência, tendo passado também por alguns veículos no setor tech.
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