Meta é criticada por dificultar acesso a contas de entidades que tratam de saúde reprodutiva e aborto

Por Luciano Rodrigues
Imagem: Dall-E

Nesta semana, usuários do Instagram relataram dificuldades para acessar nas plataformas da Meta conteúdo da Aid Access, organização que conecta pacientes a médicos para obtenção de pílulas abortivas via telemedicina nos EUA.

Postagens com orientações sobre aborto seguro em casa apareciam desfocadas, inacessíveis ou substituídas por quadrados cinzas sem descrição.

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A restrição, identificada inicialmente pela escritora Jessica Valenti, também afetou a busca pelo perfil da entidade na plataforma, levantando questionamentos sobre as políticas de moderação da Meta.

A Aid Access é uma das principais fontes de informação para pessoas que buscam interromper a gravidez de forma segura, especialmente em regiões com leis restritivas.

O aborto medicamentoso no primeiro trimestre é reconhecido como seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e provedores licenciados já atenderam centenas de milhares de pacientes.

No entanto, as redes sociais da Meta principal canal de divulgação para muitos grupos, têm se tornado um campo minado.

Meta diz que mudanças nas políticas recentes não influenciam

Além da Aid Access, a Hey Jane, startup de saúde reprodutiva que oferece consultas virtuais e métodos contraceptivos, enfrentou obstáculos semelhantes.

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Rebecca Davis, responsável pelo marketing da empresa, revelou ao The Verge que o perfil da organização deixou de aparecer nas sugestões de busca do Instagram e, para localizá-lo, usuários precisavam digitar o nome exato da conta (@heyjanehealth), um entrave para quem busca informações urgentes.

A Meta atribuiu os problemas à aplicação de regras contra a venda ilegal de medicamentos, exigindo certificação LegitScript — padrão que a Hey Jane já possui.

Uma porta-voz da Meta afirmou que os casos são resultado de “erros de aplicação”, mas negou relação com atualizações recentes nas políticas.

A justificativa, porém, não convenceu defensores de direitos reprodutivos. Organizações como Anistia Internacional e Repro Uncensored documentaram há anos a remoção sistemática de conteúdo sobre aborto nas plataformas da Meta, mesmo quando publicado por fontes legítimas.

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O cenário se agrava com as mudanças recentes na moderação da empresa, que flexibilizou regras para permitir discursos transfóbicos e racistas, sob a alegação de “liberdade de expressão”.

Enquanto isso, informações críticas para a saúde pública são obscurecidas.

Davis destacou o paradoxo: “Sabemos que, ao não aparecer nessas pesquisas, estamos impactando diretamente as pessoas que estão buscando ativamente esse atendimento de saúde essencial e oportuno, impedindo-as de obter as informações de que precisam para tomar decisões”.

Apesar dos desafios, alternativas fora do ecossistema Meta são limitadas.

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Plataformas como TikTok e Instagram seguem sendo os principais canais onde pacientes buscam orientação e Davis reflete que o acesso à informação salva vidas e que silenciar isso é perigoso.

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Jornalista, assessor de comunicação, escritor e comunicador, com MBA em jornalismo digital e 12 anos de experiência, tendo passado também por alguns veículos no setor tech.
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