STF discute responsabilidade das redes sociais no Brasil

Por Luciano Rodrigues
Imagem: Dall-E

Está em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF) o julgamento que pode redefinir a relação entre redes sociais e seus usuários.

A análise gira em torno do Artigo 19 do Marco Civil da Internet, que atualmente limita a responsabilização das plataformas digitais por conteúdos postados por terceiros, salvo em casos de descumprimento de ordem judicial.

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Os ministros estão desde quarta-feira (27) discutindo o impacto desse artigo na propagação de discursos de ódio e desinformação.

Durante a sessão, Alexandre de Moraes destacou que os atos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e vandalizaram as sedes dos três Poderes: o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o próprio STF, evidenciaram a falência da autorregulação das plataformas.

Ele apontou que transmissões incentivando atos golpistas foram monetizadas e permaneceram no ar, mesmo após os episódios de violência em Brasília.

Moraes, que é relator do inquérito de investigação dos atos, também ressaltou que a invasão foi organizada pelas redes sociais.

Tudo foi organizado pelas redes. No dia, a Praça dos Três Poderes invadida, o Supremo sendo destruído, o Congresso sendo destruído, o Palácio do Planalto. As pessoas fazendo vídeo, postando nas redes sociais, chamando mais gente para destruir, e as redes sociais não retiraram nada. Por que? Like em cima de like, um sistema de negócio em monetização.

STF e plataformas apresentam argumentos

O ministro Dias Toffoli argumentou que o Marco Civil, como está, confere imunidade às redes sociais.

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Segundo ele, o dispositivo permite que conteúdos nocivos permaneçam online por longos períodos, sem que as empresas sejam responsabilizadas, a menos que descumpram uma decisão judicial específica.

Ele também ressaltou que a ausência de ações preventivas das plataformas afeta a qualidade democrática do país.

Representantes das redes sociais defendem a manutenção do texto original.

Eles alegam que a responsabilização prévia pode comprometer a liberdade de expressão e aumentar os custos de operação, além de potencialmente levar a censuras indevidas.

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A advogada do Facebook, Patrícia Helena Marta Martins, chamou a fiscalização prévia de “complexa” e alertou que ela pode aumentar a judicialização.

O julgamento, que envolve quatro processos relacionados à regulamentação das redes, continua com os votos dos ministros.

A decisão final influenciará diretamente a maneira como as plataformas operam no Brasil, podendo impor novas responsabilidades e restrições.

O julgamento prosseguirá na próxima quarta-feira (4/12), com a conclusão do voto do ministro Toffoli. Em seguida, o ministro Luiz Fux, relator do RE 1057258, apresentará seu voto.

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Entenda o que está sendo julgado no STF

O plenário do STF julga quatro processos que discutem a constitucionalidade do Artigo 19 do Marco Civil da Internet.

Na ação relatada pelo ministro Dias Toffoli, o tribunal julga a validade da regra que exige ordem judicial prévia para responsabilização dos provedores por atos ilícitos.

O caso trata de um recurso do Facebook para derrubar uma decisão judicial que condenou a plataforma por danos morais pela criação de um perfil falso de um usuário.

No processo relatado pelo ministro Luiz Fux, o STF discute se uma empresa que hospeda um site na internet deve fiscalizar conteúdos ofensivos e retirá-los do ar sem intervenção judicial. O recurso foi protocolado pelo Google.

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A ação relatada por Edson Fachin discute a legalidade do bloqueio do aplicativo de mensagens WhatsApp por decisões judiciais e chegou à Corte por meio de um processo movido por partidos políticos.

A quarta ação analisada trata da suspensão do funcionamento de aplicativos diante do descumprimento de decisões judiciais que determinam a quebra do sigilo em investigações criminais.

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Jornalista, assessor de comunicação, escritor e comunicador, com MBA em jornalismo digital e 12 anos de experiência, tendo passado também por alguns veículos no setor tech.
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