No início deste ano, a Apple começou a flexibilizar sua App Store para permitir que serviços de streaming de jogos, como Xbox Cloud Gaming e GeForce Now, fossem disponibilizados em seus dispositivos.
No entanto, apesar dessas mudanças, ainda não foram lançados aplicativos nativos para iOS e a Microsoft agora detalha os obstáculos que considera inviabilizar a operação de seu serviço de jogos em nuvem no ecossistema da Apple.
A gigante de tecnologia argumenta que as atualizações recentes nas diretrizes da App Store não são suficientes para acomodar um aplicativo nativo do Xbox Cloud Gaming no iOS.
Em documentos enviados à Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA) do Reino Unido, a Microsoft aponta que as diretrizes da Apple, mesmo após revisões em janeiro, março e abril deste ano, ainda impõem restrições significativas.
Segundo a Microsoft, essas diretrizes dificultam tanto tecnicamente quanto economicamente a implementação do Xbox Cloud Gaming no iOS.
Um dos principais pontos de discórdia é a exigência da Apple de que todo o conteúdo, assinaturas e funcionalidades oferecidos em aplicativos como o Xbox Cloud Gaming sejam disponibilizados por meio do sistema de compras no aplicativo (IAP) da Apple, que impõe uma comissão de 30%.
A Microsoft afirma que essa taxa inviabiliza a monetização do serviço e que a recodificação dos jogos para cumprir essas exigências seria economicamente insustentável.
Além disso, a Microsoft critica a diretriz 3.1.1 da Apple, que proíbe desenvolvedores de criar links externos para compras de assinaturas.
A Apple permite exceções para aplicativos classificados como “Reader”, mas os aplicativos de jogos em nuvem não se qualificam para essa categoria, criando mais uma barreira para a Microsoft.
Futuro incerto para jogos em nuvem em dispositivos Apple
Enquanto a CMA do Reino Unido investiga o mercado de navegadores móveis e a distribuição de jogos em nuvem, uma possível solução proposta é permitir que aplicativos de jogos em nuvem operem em modo “somente leitura” no iOS, sem compras ou assinaturas no jogo.
Outra proposta é que a Apple e o Google permitam que os provedores de jogos em nuvem usem seus próprios sistemas de pagamento nos aplicativos.
A Apple, por sua vez, defende que já apoia jogos em nuvem por meio de aplicativos da web e cita o sucesso do Xbox Cloud Gaming, que já foi usado por mais de 20 milhões de pessoas.
A empresa também argumenta que os desenvolvedores, em geral, não enfrentam dificuldades com as exigências do IAP, destacando o caso da Antstream, que lançou com sucesso um serviço de streaming de jogos retro na App Store.
Com a CMA planejando publicar um relatório provisório em novembro e um relatório final em fevereiro ou março do ano que vem, o debate entre Microsoft e Apple sobre a viabilidade dos jogos em nuvem no iOS está longe de ser resolvido e a próxima fase das discussões pode definir o futuro desse mercado em expansão e as regras que governarão sua operação nos dispositivos móveis da Apple.