O ouro, tradicionalmente visto como um porto seguro para investidores em tempos de incerteza econômica, está enfrentando pressões à medida que o dólar americano (USD) ganha força. Na quarta-feira, o preço do ouro (XAU/USD) estava sendo negociado ligeiramente acima de US$ 2.500, após uma leve queda influenciada pelo fortalecimento do dólar.
A recuperação da moeda americana vem na esteira de dados econômicos mistos nos Estados Unidos, que contribuíram para um cenário incerto sobre o futuro da economia e, consequentemente, das políticas monetárias do Federal Reserve (Fed).
Joaquin Monfort, analista técnico, observou que “o ouro está recuando à medida que as preocupações sobre a economia dos EUA se moderam”.
Ele explicou que o fortalecimento do dólar, medido pelo índice DXY, que subiu mais de um terço de ponto percentual na quarta-feira, está pesando sobre o preço do ouro, dado que o metal é cotado principalmente em dólares. “Sempre que o dólar se fortalece, o preço do ouro tende a cair, pois fica mais caro para compradores em outras moedas”, destacou Monfort.
A recuperação do dólar ocorre após a divulgação de dados econômicos nos Estados Unidos que pintaram um quadro misto sobre o estado da economia. O Índice de Confiança do Consumidor da Conference Board, divulgado na terça-feira, subiu para 103,3 em agosto, superando as expectativas de 100,7, o que alimentou o otimismo sobre a resiliência do consumidor americano. Por outro lado, indicadores do mercado de trabalho mostraram sinais de fraqueza, reforçando as preocupações sobre a desaceleração econômica.
Monfort também apontou para o impacto das recentes ordens de bens duráveis, que registraram um aumento expressivo de 9,9% em julho, o maior desde maio de 2020.
“Esses números ajudaram a tranquilizar os investidores sobre a economia dos EUA, mas não alteraram significativamente as expectativas do mercado sobre a trajetória das taxas de juros do Fed”, comentou o analista.
Preço do ouro
Segundo Monfort, a probabilidade de o Fed realizar um corte de 0,50% nas taxas de juros em setembro permanece em torno de 30%, conforme indicado pela ferramenta CME FedWatch.
No entanto, ele destacou que “os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 3 meses estão subindo, enquanto os rendimentos de títulos de maior maturidade estão caindo, sugerindo que os traders de títulos não estão confiantes de que o Fed fará um corte tão significativo”. Se um corte dessa magnitude ocorrer, “isso beneficiaria o ouro, que tende a subir quando as taxas de juros caem”, afirmou Monfort.
Tecnicamente, o ouro está em uma fase de consolidação após testar o nível de US$ 2.530, mas ainda mantém uma tendência de alta de curto prazo. “Embora a pausa recente, o ouro continua em uma tendência de alta no curto prazo, e como dizem, ‘a tendência é sua amiga’, o que favorece posições longas”, observou Monfort.
Contudo, Monfort alertou para riscos potenciais. “Uma quebra acima da alta histórica de US$ 2.531 de 20 de agosto confirmaria uma continuação para o alvo de US$ 2.550”, disse ele. No entanto, um retorno para dentro do intervalo anterior, confirmado por um fechamento diário abaixo de US$ 2.470, invalidaria a projeção de alta e colocaria a tendência de curto prazo em dúvida.
Em termos de médio e longo prazo, Monfort permanece otimista em relação ao ouro, destacando que “o metal precioso ainda está em uma ampla tendência de alta, o que apoia uma visão geral positiva”.
No entanto, com a recuperação do dólar e os dados econômicos divergentes, o mercado de ouro enfrenta desafios à frente, com traders e investidores atentos aos próximos movimentos do Fed.