O Judiciário brasileiro detém o título de mais caro do mundo, custando 1,6% do PIB do país, o equivalente a R$ 160 bilhões em 2022. Mesmo em meio a uma onda de cortes e contenção de gastos no Executivo, o Supremo Tribunal Federal (STF) prepara um aumento significativo em seu orçamento para 2024, com um acréscimo de quase R$ 4 bilhões.
Esse incremento no orçamento será viabilizado graças ao novo arcabouço fiscal, uma regra criada pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e aprovada pelo Congresso Nacional.
Dos R$ 3,84 bilhões adicionais, cerca de R$ 1,4 bilhão representa um aumento real, acima da inflação prevista para o período. Parte desse montante será destinada ao reajuste salarial dos juízes.
Em contraste, o Poder Executivo enfrenta um cenário de austeridade.
Com os cofres pressionados por gastos elevados em aposentadorias e benefícios sociais, o governo federal anunciou um corte e congelamento de R$ 15 bilhões no orçamento para 2024, uma medida necessária para cumprir os limites do arcabouço fiscal.
O reajuste salarial no STF costuma ter um efeito cascata em todo o Judiciário brasileiro e em outros poderes, já que, quando os ministros do STF recebem um aumento salarial, isso impacta diretamente o teto constitucional de salários no serviço público, que é o valor máximo que servidores públicos podem receber.
Como o salário dos ministros do STF é o teto do funcionalismo público, qualquer aumento nele repercute em outras carreiras jurídicas, como juízes, desembargadores e membros do Ministério Público.
Custo do Judiciário e altos salários
O alto custo do Judiciário brasileiro é amplamente atribuído aos salários do setor.
Embora o teto salarial seja, em teoria, de R$ 41 mil mensais, os chamados “penduricalhos” — benefícios adicionais como auxílio-moradia e gratificações — frequentemente elevam as remunerações para além de R$ 200 mil por mês.
Essa realidade coloca o Brasil em uma posição única no cenário global, sendo o país que mais gasta com seu sistema de Justiça.
Em meio a esse cenário, questiona-se a relação entre o poder de decisão do Judiciário sobre os políticos, especialmente aqueles com foro privilegiado que podem ser julgados pelo STF, e a disposição do governo em aumentar o orçamento do setor.
A medida levanta preocupações sobre as prioridades orçamentárias do país, especialmente quando comparada à necessidade de cortes em outras áreas essenciais do governo.
Com o aumento previsto, o debate sobre a alocação de recursos públicos no Brasil e o impacto do Judiciário nas finanças do país ganha ainda mais relevância, reforçando a necessidade de uma discussão aprofundada sobre o equilíbrio entre os poderes e a eficiência na gestão dos recursos públicos.