• Brasil será o primeiro país com projeto nacional de monetização de dados
• Aposentados poderão receber por compartilhar contratos de crédito
• Projeto piloto dispensa novos apps e respeita decisão do usuário
Em um movimento inédito, o governo brasileiro anunciou um plano para transformar dados pessoais em uma nova forma de renda.
A Dataprev, estatal de tecnologia da Previdência Social, desenvolve um projeto piloto em parceria com a startup americana DrumWave. O objetivo é permitir que aposentados e beneficiários de programas sociais sejam remunerados por autorizarem o uso de seus dados.
Durante o anúncio no Web Summit Rio, a ativista e especialista em proteção de dados Brittany Kaiser afirmou que “o Brasil será o primeiro país a lançar nacionalmente um projeto piloto de titularidade de dados”. Kaiser ficou conhecida por denunciar os abusos da Cambridge Analytica durante a eleição de Donald Trump e o Brexit.
O projeto brasileiro prevê a monetização de dados como contratos de crédito consignado, segundo o presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção. Ele explicou que os cidadãos poderão autorizar o uso desses dados para complementar sua renda ou criar uma poupança digital.
O projeto não exigirá a instalação de novos aplicativos para o projeto de monetização de dados
A funcionalidade será incluída nos apps existentes da Previdência. Os usuários poderão escolher quais dados compartilhar, com quem e sair do programa a qualquer momento.
Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, elogiou a ideia:
Criar um mercado com preço definido para unidades de dados forma uma nova classe de ativos. Isso amplia a liberdade do consumidor.”
Brittany Kaiser destacou que as pessoas produzem valor diariamente com seus dados, mas não recebem nada por isso.
Ela disse que “ganhar alguns reais por dia pode parecer pouco, mas para bilhões de pessoas, é uma mudança de vida.”
No entanto, apesar da inovação, a Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) proibiu recentemente outro projeto semelhante. A ANPD vetou o pagamento com Worldcoin (WLD) por meio de escaneamento da íris. A justificativa: o modelo ainda configurava contraprestação financeira por dados sensíveis e, portanto, não poderia operar legalmente.
Mesmo com desafios regulatórios, o Brasil assume uma posição de vanguarda ao valorizar os dados como ativos pessoais.
O projeto-piloto, no entanto, ainda não tem data de lançamento. Ainda assim, promete transformar a relação entre cidadãos, governo e economia digital.