- Homem volta a falar e cantar após receber implante cerebral inovador
- Tecnologia revolucionária permite que paciente com ELA recupere a fala e até cante.
- Tudo graças a interface cérebro-computador.
Um avanço histórico na ciência acaba de devolver a voz a quem havia perdido a capacidade de se comunicar com um implante cerebral. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, Davis (UC Davis) desenvolveram um implante cerebral que permitiu que um homem, diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA), voltasse a falar e até cantar.
O sistema funciona por meio de quatro conjuntos de microeletrodos implantados no cérebro, na região responsável pela produção da fala. Esses sensores capturam os sinais neurais gerados quando o paciente tenta movimentar os músculos da fala, mesmo que seu corpo não responda fisicamente.
O mais impressionante é que todo o processo — desde a leitura dos sinais até a geração da fala — acontece em apenas 10 milissegundos. Isso permite uma comunicação praticamente em tempo real, sem atrasos perceptíveis.
Além disso, o sistema usa inteligência artificial para clonar a voz do paciente, baseada em gravações feitas antes do avanço da doença. Isso garante que a voz sintetizada soe exatamente como a voz original, incluindo entonações, pausas e até expressões como “aah”, “ooh” e “hmm”.
Implante cerebral: tecnologia também reconhece canto e entonação
O implante não para na fala. Ele também consegue identificar quando o paciente quer cantar. O sistema reconhece até três tons diferentes, modulando a voz de forma que o paciente consiga executar melodias simples.
Além disso, o algoritmo entende se a frase é uma pergunta, uma afirmação ou até quando o usuário deseja enfatizar uma palavra específica. Esse nível de detalhe torna a comunicação muito mais natural, expressiva e fluida.
Para Sergey Stavisky, autor sênior do estudo, este é um dos maiores avanços já registrados nas interfaces cérebro-computador (ICC). “Agora, quem usa neuropróteses pode realmente participar de uma conversa. Eles podem até interromper, como qualquer outra pessoa,” explicou.
O neurocientista Christian Herff, da Universidade de Maastricht, que não participou do estudo, definiu o feito como “o Santo Graal das ICCs de fala”, destacando que se trata de comunicação real, espontânea e contínua.
Pesquisadores miram próximos desafios
Por enquanto, o estudo foi realizado com apenas um paciente, mas os pesquisadores já planejam testar a tecnologia com mais pessoas que perderam a fala, seja por ELA ou outras condições.
O estudo, publicado na revista científica Nature, abre caminho para que milhões de pessoas que vivem em silêncio, por conta de paralisias ou doenças neurológicas, voltem a se expressar, conversar e até cantar — com suas próprias vozes.