O preço do ouro (XAU/USD) continua sua trajetória ascendente, alcançando a faixa dos US$ 2.520 nesta segunda-feira, impulsionado por uma combinação de demanda por ativos de refúgio, em meio ao aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio, e expectativas de cortes nas taxas de juros dos Estados Unidos. Segundo o analista Joaquin Monfort, essa conjuntura pode levar o ouro a atingir a marca de US$ 2.550 em breve.
“O ouro tem mostrado força em resposta à aversão ao risco gerada pela intensificação dos conflitos no Oriente Médio”, afirmou Monfort. “Os investidores estão buscando segurança em ativos tradicionais, como o ouro, à medida que as tensões entre Israel e o Hezbollah aumentam e as preocupações sobre a possível entrada do Irã no conflito persistem.”
Os recentes ataques israelenses a posições do Hezbollah no Líbano, seguidos por retaliações com mísseis e drones no norte de Israel, elevaram o nervosismo nos mercados globais. Monfort destaca que esse cenário de incerteza geopolítica tende a beneficiar o ouro, um ativo que historicamente é procurado em momentos de crise.
Além das questões geopolíticas, a política monetária dos Estados Unidos também tem desempenhado um papel crucial na valorização do ouro. Na última sexta-feira, o preço do metal subiu mais de 1% após o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, sinalizar um possível corte nas taxas de juros em um discurso no simpósio de Jackson Hole.
Powell expressou preocupações com a desaceleração do mercado de trabalho dos EUA, que tem sido impactado por taxas de juros elevadas desde julho de 2023, situadas entre 5,25% e 5,50%.
“Os riscos de alta para a inflação diminuíram, enquanto os riscos de baixa para o emprego aumentaram”, afirmou Powell. “O esfriamento do mercado de trabalho é inconfundível, não está mais superaquecido.”
Essa mudança na linguagem do Fed fez com que os rendimentos dos títulos do governo dos EUA caíssem, o que por sua vez, favorece o ouro, um ativo que não paga juros. A expectativa crescente de que o Fed possa implementar um corte de 0,50% nas taxas de juros em setembro, o dobro do corte usual de 0,25%, também tem alimentado a demanda pelo metal precioso.
Análise preço do ouro
Monfort observa que, do ponto de vista técnico, o ouro permanece em uma tendência de alta em vários horizontes temporais. “O rompimento da faixa de negociação em 14 de agosto gerou um alvo de alta em torno de US$ 2.550, com base nos princípios da análise técnica”, explicou.
“Uma quebra acima do recorde histórico de US$ 2.531, registrado em 20 de agosto, confirmaria uma continuação dessa tendência, com o ouro possivelmente atingindo o alvo de US$ 2.550.”
Entretanto, o analista adverte que, caso o ouro volte a cair para dentro de sua faixa de negociação anterior, especialmente se fechar abaixo de US$ 2.470, a perspectiva de alta poderia ser comprometida.
“Embora o cenário geral continue favorável para o ouro, uma reversão para dentro da antiga faixa de negociação colocaria em dúvida a tendência de curto prazo”, concluiu Monfort.