O ouro (XAU/USD) continua a se consolidar acima da marca de US$ 2.500, após uma ligeira retração nesta quinta-feira. Com os rendimentos dos títulos dos EUA voltando a subir e o dólar americano (USD) – ao qual o ouro é negativamente correlacionado – recuperando terreno após atingir suas mínimas do ano na quarta-feira, o cenário aponta para novas movimentações no mercado de metais preciosos.
O analista Joaquin Monfort, especialista em mercado financeiro, aponta que o ouro tem se beneficiado dos dados econômicos negativos dos Estados Unidos, que têm sustentado o preço do metal. “O ouro tende a valorizar à medida que as taxas de juros caem, pois isso reduz o custo de oportunidade de manter o ativo que não paga juros”, explica Monfort.
A expectativa para a próxima reunião do Federal Reserve (Fed), marcada para setembro, tem sido um dos principais fatores que influenciam o mercado de ouro. De acordo com as atas da reunião de julho do Fed, divulgadas na quarta-feira, há uma maior disposição entre os membros do Comitê para cortar as taxas de juros.
Embora alguns membros tenham considerado um corte de 0,25% já em julho, a decisão foi adiada, mas a possibilidade de um corte em setembro permanece forte. “As atas solidificaram as expectativas de um corte em setembro, o que já foi amplamente precificado pelo mercado”, ressalta o analista.
Monfort também destaca a possibilidade de um corte maior, de 0,50%, na próxima reunião do Fed, o que poderia impulsionar ainda mais o preço do ouro. “As chances de um ‘mega corte’ de 0,50% aumentaram nas últimas sessões, e se isso ocorrer, o ouro pode ganhar mais força”, avalia.
Análise preço do ouro
Outro fator que tem pesado sobre o mercado é a recente revisão dos dados de emprego nos EUA. As revisões preliminares do Bureau of Labour Statistics (BLS) indicaram uma redução de 818 mil empregos nas folhas de pagamento não-agrícolas (NFP) nos 12 meses até março de 2024, o que corresponde a uma média de 68 mil empregos a menos por mês.
Isso trouxe a média mensal de criação de empregos de 242 mil para 174 mil. Embora esses dados não sejam suficientes para indicar uma recessão iminente, eles adicionam à narrativa de um mercado de trabalho enfraquecido, o que pressiona ainda mais os rendimentos dos EUA e o dólar, favorecendo o ouro.
Monfort acredita que o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, em Jackson Hole na sexta-feira, será um ponto-chave para os investidores de ouro. “Todos os olhos estarão voltados para Powell. Dependendo de suas declarações, podemos ver movimentos significativos no preço do ouro”, observa.
Em termos de análise técnica, Monfort afirma que o ouro está em uma tendência de alta no curto, médio e longo prazo, mesmo após a recente retração. “O ouro rompeu uma faixa importante em 14 de agosto, gerando um alvo de alta em torno de US$ 2.550, com base na análise técnica. Esse é o mínimo esperado se a tendência continuar”, conclui o analista.