O preço do ouro (XAU/USD) apresentou uma recuperação significativa na sexta-feira (23), superando a marca dos US$ 2.490 após uma breve queda para o suporte técnico em US$ 2.470 na sessão anterior.
Essa recuperação foi impulsionada por um enfraquecimento do dólar americano (USD) e pela queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de longo prazo, fatores que, em conjunto, indicam uma expectativa de redução das taxas de juros no futuro – um cenário favorável para o ouro, que é um ativo que não paga juros.
Joaquin Monfort, analista técnico, destaca que o ouro permanece em uma trajetória ascendente no curto prazo, sustentado por um quadro macroeconômico que favorece ativos não correlacionados com o dólar e que não geram rendimento, como o ouro.
“A tendência é sua amiga”, afirma Monfort, ressaltando que o viés permanece positivo para o ouro, principalmente em um contexto onde as expectativas do mercado apontam para cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed).
A antecipação do discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, no simpósio de banqueiros centrais em Jackson Hole, gera um ambiente de especulação no mercado. Powell deve confirmar as expectativas de que o Fed cortará as taxas de juros em sua reunião de 18 de setembro, o que pode fortalecer ainda mais a posição do ouro. Segundo Monfort, “um corte nas taxas de juros em setembro poderia impulsionar o ouro para além de seu recente intervalo de preço, levando-o a novos máximos”.
A perspectiva para o ouro também é suportada por dados econômicos negativos nos EUA. O metal precioso subiu meio por cento após ter caído mais de 1,0% na quinta-feira (22). A queda do dia anterior foi influenciada pela diminuição da probabilidade de um corte mais agressivo de 0,50% nas taxas de juros em setembro, que caiu de uma chance de 30% para cerca de 20%, segundo o CME FedWatch Tool.
Análise preço do ouro
Dados mistos do Índice de Gerentes de Compras (PMI) e dos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA também pesaram no ajuste das expectativas do mercado. O PMI Composto preliminar da S&P Global para agosto caiu para 54,1, abaixo dos 54,3 de julho, embora o declínio tenha sido menor do que o esperado. O PMI de manufatura caiu para 48,0, enquanto o de serviços subiu levemente para 55,2.
Em termos técnicos, Monfort observa que o ouro corrigiu para baixo até o suporte na parte superior de seu antigo intervalo, usando-o como um trampolim para a recuperação de sexta-feira. “Apesar da recente fraqueza, a tendência de curto prazo permanece altista”, comenta o analista.
Ele aponta que a quebra do intervalo em 14 de agosto gerou uma meta de alta de aproximadamente US$ 2.550, calculada pela aplicação da razão de Fibonacci de 0,618 sobre a altura do intervalo e sua extrapolação para cima. “Essa meta é a expectativa mínima para um movimento de continuidade após uma quebra”, explica Monfort.
No entanto, ele adverte que uma queda de volta para dentro do intervalo anterior poderia anular essa projeção otimista. “Uma confirmação desse cenário seria um fechamento abaixo de US$ 2.470, o que traria dúvidas sobre a tendência de alta de curto prazo”, acrescenta o analista.
Monfort conclui que, apesar das incertezas de curto prazo, o ouro continua em uma tendência de alta em prazos médios e longos, o que reforça uma visão globalmente positiva para o metal precioso.