Câmara dos Deputados aprova urgência para votação da Reforma Tributária, que deve ocorrer nesta quarta-feira (10)

Por Luciano Rodrigues
Câmara dos Deputados aprova urgência para votação da Reforma Tributária, que deve ocorrer nesta quarta-feira (10) - Imagem: Dall-E

A Câmara dos Deputados aprovou, nessa terça-feira (9), o requerimento de urgência para a votação do Projeto de Lei Complementar de Regulamentação da Reforma Tributária (PLP 68/24), por 322 votos favoráveis e 137 contrários.

Com a aprovação da urgência, o projeto segue diretamente para a votação em plenário, já pautada para esta quarta-feira (10).

O relatório final, apresentado na semana passada pelo grupo de trabalho composto por deputados federais, visa analisar o texto proposto pelo governo federal em abril.

Pela proposta, a alíquota média de referência da nova tributação, que inclui o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) de estados e municípios e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) federal, será de 26,5%, com vários setores, como o de produtos da cesta básica, recebendo descontos ou isenção total dessa alíquota.

Os novos tributos substituirão o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Programa de Integração Social (PIS), a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Serviços (ISS).

A nova legislação entrará em vigor em etapas: parcialmente em 2025, depois em 2027, 2029 e, finalmente, em 2033, quando o novo sistema tributário estará totalmente implementado.

A reforma tributária começou a ser discutida no ano passado, culminando na promulgação da Emenda Constitucional 132, que estabeleceu o novo sistema de tributação após mais de três décadas de debates.

Reforma não está livre de debates e desconfiança

O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), destacou a importância da aprovação da urgência para que o Brasil avance em transparência fiscal e elimine a guerra fiscal, além de unificar tributos e isentar produtos essenciais da cesta básica.

Segundo ele, os líderes partidários decidiram por unanimidade votar a urgência na terça-feira e o mérito do texto nesta quarta-feira.

Entretanto, a oposição expressou preocupação com a rapidez do processo.

A deputada federal Adriana Ventura (Novo-SP) criticou o regime de urgência, mencionando que outros projetos de lei complementares apresentados anteriormente não foram discutidos.

Ela alertou sobre a possibilidade de aumento da carga tributária e a complexidade do texto, que possui 511 artigos e 356 páginas.

Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados e um dos principais articuladores da proposta, defendeu o processo de discussão, mencionando mais de 220 horas de audiências e a participação de mais de 300 entidades e mil pessoas.

Ele afirmou que a Casa não faltou com debate ou oportunidade de discussão sobre o tema.

O texto da reforma tributária mantém regras para a devolução de impostos para pessoas de baixa renda, conhecida como cashback, para água, esgoto e energia.

O IBS e o CBS serão devolvidos às pessoas inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) com renda familiar mensal per capita de até meio salário mínimo.

Além disso, a reforma introduz o mecanismo de split payment, que divide automaticamente o valor pago do IBS e CBS entre o vendedor e as autoridades fiscais no momento da transação, reduzindo a possibilidade de sonegação fiscal.

Também foi criada a categoria do nano empreendedor, que estará isenta de impostos, aplicada a pessoas com 50% do limite de faturamento anual do microempreendedor individual (MEI), atualmente R$ 81 mil.

A expectativa é que a votação seja realmente realizada ainda nesta quarta-feira.

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Jornalista, assessor de comunicação, escritor e comunicador, com MBA em jornalismo digital e 12 anos de experiência, tendo passado também por alguns veículos no setor tech.
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