Nos últimos anos, o cenário das emendas parlamentares no Brasil passou por uma transformação significativa. Após uma mudança na Constituição que tornou obrigatório o pagamento dessas emendas, o valor destinado aos congressistas para direcionar recursos aumentou drasticamente. Em 2015, esse montante era de R$ 3,4 bilhões, mas em 2023, a previsão é que chegue a R$ 37,8 bilhões, um aumento impressionante de mais de 11 vezes em menos de uma década.
Ao longo dos últimos nove anos, deputados e senadores tiveram controle sobre a destinação de R$ 213 bilhões do orçamento público.
Esse crescimento acentuado das emendas evidencia o crescente poder dos parlamentares na gestão dos recursos do país, uma vez que mais de 20% de todo o orçamento público agora está reservado para essas emendas.
Esse aumento no controle parlamentar sobre o orçamento traz consigo uma série de desafios para a administração pública, já que a crescente destinação de recursos via emendas dificulta o governo federal a equilibrar suas contas e investir em outras áreas prioritárias, como saúde, educação e infraestrutura.
Comparado a países desenvolvidos, onde o controle parlamentar sobre o orçamento é mais restrito, o Brasil se destaca por uma liberdade muito maior dos congressistas na alocação de recursos. Nos Estados Unidos, por exemplo, os parlamentares têm controle sobre apenas 2% dos recursos livres, ou seja, 10 vezes menos que no Brasil.
Por outro lado, as emendas parlamentares desempenham um papel importante na distribuição de recursos para diferentes regiões do país, promovendo o desenvolvimento local e atendendo demandas específicas.
No entanto, esse processo também é marcado por problemas de fiscalização e transparência, especialmente após a criação das chamadas “emendas PIX” em 2019.
Essas emendas permitem que deputados e senadores enviem recursos para municípios sem precisar detalhar a finalidade do gasto, o que pode facilitar o mau uso do dinheiro público.
Mudança nas Emendas PIX
Diante da pressão para melhorar a transparência, o Supremo Tribunal Federal (STF) interveio recentemente, travando temporariamente o pagamento de recursos oriundos dessas emendas.
Como resposta, os Três Poderes chegaram a um acordo que obrigará os parlamentares a detalharem antecipadamente como os recursos serão utilizados, o que deve aumentar a fiscalização e transparência, permitindo mais eficiência no uso do dinheiro público.
Isso é de extrema importância, já que a transparência é fundamental para que órgãos responsáveis e mesmo a população possa fiscalizar as ações do governo, tanto Executivo quanto Legislativo, visando impedir atos de corrupção, desvio de verbas e superfaturamentos.