O Tidal, serviço de streaming de música conhecido por sua qualidade de áudio, deu um passo significativo em direção ao suporte aos artistas com o lançamento de novos recursos que visam simplificar o rastreamento de royalties e a gestão de créditos de composição.
Essas ferramentas são especialmente relevantes em um cenário onde a complexidade dos royalties musicais muitas vezes deixa artistas sem a devida remuneração.
Nos Estados Unidos, o processo de rastreamento de royalties envolve diversas camadas.
Artistas, compositores e outros colaboradores precisam ser registrados em uma Performing Rights Organization (PRO) e obter um número de Interested Party Information (IPI), que os identifica como detentores dos direitos de uma faixa.
As PROs, por sua vez, monitoram o uso das faixas em diversas plataformas e garantem que os royalties sejam pagos corretamente.
O maior desafio que os artistas enfrentam é acompanhar onde suas músicas são usadas e assegurar que todos os royalties, tanto de reprodução mecânica (CDs, MP3s, vinis, etc.) quanto de performance (execuções públicas, rádio, streaming), sejam coletados. Agora, com as novas ferramentas do Tidal, esse processo se torna mais acessível.
Os artistas que já possuem um número PRO e IPI podem reivindicar seu perfil no Tidal, verificar sua documentação e começar a rastrear royalties diretamente na plataforma.
A nova interface do Tidal oferece um painel detalhado que exibe informações de IPI, PRO e editora do artista, além de identificar gravações que não possuem todos os créditos registrados corretamente.
Para aqueles que estão começando na indústria, o Tidal facilita a inscrição no AllTrack, um PRO digital que rastreia dados de serviços de streaming, estações de rádio e TV, além de locais de entretenimento.
Outra opção é a associação ao Mechanical Licensing Collective (MLC), uma organização sem fins lucrativos que coleta e distribui royalties nos Estados Unidos.
As ferramentas também permitem que os artistas verifiquem e proponham alterações nos metadados das faixas, garantindo que as divisões de royalties estejam precisas e atualizadas. E o melhor: tudo isso pode ser feito gratuitamente.
Agustina Sacerdote, chefe global de produtos do Tidal, explicou ao TechCrunch que a decisão de desenvolver essas ferramentas veio da percepção de que os recursos atualmente disponíveis para os artistas são ultrapassados ou complexos demais.
Queremos que os compositores e colaboradores tenham o controle sobre suas obras. O Tidal está comprometido em ser uma plataforma que valoriza todos os aspectos do processo criativo, não apenas os artistas principais.”
Ferramentas do Tidal estão disponíveis globalmente
Os recursos do Tidal para rastreamento de royalties e gerenciamento de créditos de composição estão disponíveis globalmente, o que inclui artistas brasileiros. No entanto, existem algumas considerações específicas para artistas do Brasil que desejam utilizar essas ferramentas de maneira eficaz.
No Brasil, os direitos autorais são gerenciados por organizações como o ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) e as associações de música afiliadas, como ABRAMUS, UBC, entre outras.
Para usar os recursos do Tidal, artistas brasileiros precisam estar registrados em uma dessas associações.
Assim como nos EUA, os artistas brasileiros precisam de um número de Interested Party Information (IPI) para serem identificados como detentores dos direitos de uma música. Este número é obtido durante o registro na associação de direitos autorais.
O Tidal usa o número IPI para associar faixas aos respectivos criadores, garantindo que os créditos e royalties sejam corretamente atribuídos.
Uma vez registrados e com o número IPI em mãos, os artistas brasileiros podem reivindicar seus perfis no Tidal.
Para artistas que ainda não estão registrados em uma PRO ou desejam explorar outras opções, o Tidal oferece a possibilidade de se inscrever no AllTrack, uma organização digital que rastreia dados de reprodução em diversas plataformas.
Além disso, os artistas podem se associar ao Mechanical Licensing Collective (MLC), que é mais focado na coleta e pagamento de royalties mecânicos, especialmente nos Estados Unidos, mas que pode ser relevante para artistas com público internacional.
Um dos grandes atrativos é que essas ferramentas são oferecidas gratuitamente, permitindo que artistas brasileiros, independentemente de seu tamanho ou popularidade, possam utilizá-las para gerenciar seus direitos e receitas.