- Alibaba avança em chips RISC-V e impulsiona tecnologia chinesa.
- C930 fortalece autossuficiência da China em semicondutores.
- Investimento bilionário impulsiona IA e computação em nuvem.
O Alibaba Group, por meio de seu braço de pesquisa Damo Academy, anunciou o lançamento do seu primeiro processador central (CPU) para servidores, chamado C930. Desenvolvido para computação de alto desempenho (HPC), o chip integra a linha XuanTie RISC-V e busca fortalecer a autossuficiência da China no setor de semicondutores, um movimento estratégico diante das restrições de exportação impostas pelos Estados Unidos.
Durante uma conferência em Pequim, na última sexta-feira, o Damo Academy confirmou que os chips serão enviados aos clientes em março. Assim, esse lançamento marca mais um passo da empresa na criação de um ecossistema próprio baseado na arquitetura aberta RISC-V, alternativa às tecnologias proprietárias de gigantes ocidentais como Intel e Arm.
Além do C930, a empresa revelou planos para expandir sua linha com novos modelos: o C908X, voltado para aceleração de inteligência artificial, o R908A, destinado a aplicações automotivas, e o XL200, projetado para interconexão de alta velocidade.
Desse modo, o avanço da Alibaba na fabricação de chips ocorre em um contexto de crescente tensão geopolítica no setor tecnológico. De acordo com um relatório da Jamestown Foundation, o aumento dos investimentos chineses em RISC-V como uma alternativa para contornar as sanções dos EUA.
Já um documento do Departamento de Defesa dos EUA, divulgado em dezembro, detalhou as iniciativas da China para reduzir sua dependência de tecnologia estrangeira.

Novo chip do Alibaba
A pesquisa e o desenvolvimento de chips RISC-V na China têm mostrado avanços significativos. Em agosto passado, pesquisadores anunciaram novos designs de alto desempenho para esses chips, reforçando a ambição do país em criar uma alternativa competitiva aos ecossistemas ocidentais.
Enquanto isso, empresas como a Nvidia tentam adaptar seus produtos para manter o fornecimento de chips de inteligência artificial à China, modificando designs para cumprir as restrições de exportação. No cenário nacional, o Alibaba se destaca com investimentos maciços, alinhados à estratégia industrial do país para desenvolver soluções tecnológicas próprias.
Recentemente, a companhia anunciou um investimento de 380 bilhões de yuans (~US$52 bilhões) em infraestrutura de IA e computação em nuvem nos próximos três anos. Como líder do mercado de nuvem na China, o Alibaba busca expandir sua capacidade para atender à demanda crescente por aplicações baseadas em inteligência artificial. Esse movimento inclui a construção de novos data centers e a adoção mais ampla de chips de IA no país.
Além do Alibaba, outras empresas chinesas também avançam na adoção do RISC-V. A Academia Chinesa de Ciências anunciou que lançará, ainda este ano, seu processador XiangShan, desenvolvido nessa arquitetura. O projeto já passou por aprimoramentos para integrar o modelo DeepSeek-R1, fortalecendo ainda mais a estratégia da China para reduzir sua dependência de tecnologia estrangeira.