A China deu um passo significativo no campo da tecnologia ao criar o primeiro robô com cérebro artificial, utilizando células cerebrais humanas integradas em biocomputadores. Este avanço foi possível graças ao sistema de interação inteligente de código aberto chamado MetaBOC. A inovação promete revolucionar a robótica e a computação, ao mesmo tempo que levanta questões éticas importantes.
MetaBOC, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Tianjin em colaboração com outras instituições, é um sistema projetado para conectar biocomputadores baseados em cérebro-em-chip a dispositivos eletrônicos.
Este sistema permite que organoides cerebrais, pequenas esferas compostas por cerca de 10.000 células cerebrais humanas, percebam o mundo através de sinais eletrônicos e interajam com ele, aprendendo a realizar tarefas complexas.
Os biocomputadores funcionam porque os neurônios humanos se comunicam da mesma forma que os computadores – através de sinais elétricos. As células cerebrais cultivadas em chips de silício podem receber esses sinais, processá-los e responder de volta. Esta interação possibilita que os organoides aprendam e realizem tarefas, como dirigir um robô, evitar obstáculos e manipular objetos.
Robô com cérebro feito de células humanas
Keith Siew, do Tubular Centre em Londres, destaca a eficiência desses sistemas: “Os biocomputadores com neurônios humanos aprendem muito mais rápido e com menos energia que os chips de aprendizado de máquina atuais, mostrando mais intuição e criatividade.”
O projeto DishBrain da Universidade Monash na Austrália foi um precursor dessa tecnologia, onde pesquisadores cultivaram cerca de 800.000 células cerebrais humanas em um chip, que aprendeu a jogar Pong em minutos. Este projeto foi rapidamente financiado pelo exército australiano e evoluiu para a empresa Cortical Labs, que busca comercializar essa inteligência híbrida.
Na China, o MetaBOC levou essa tecnologia adiante. Utilizando organoides cerebrais cultivados sob estímulo de ultrassom de baixa intensidade, os pesquisadores conseguiram formar conexões neurais mais complexas, aprimorando a capacidade de aprendizado e interação dos biocomputadores.
Embora os avanços sejam promissores, existem desafios significativos. Os componentes “molhados” dos biocomputadores precisam ser mantidos vivos, o que requer alimentação, controle de temperatura e proteção contra patógenos.
Além disso, questões éticas emergem à medida que a tecnologia avança. Brett Kagan, da Cortical Labs, sugere que, se esses sistemas desenvolverem consciência, será necessário reavaliar a ética dos testes com essas entidades.