O hidrogênio subterrâneo está revolucionando o conceito de energia limpa. Essa descoberta recente revela que é possível acessar hidrogênio puro em bolsões naturais no subsolo, um recurso abundante e livre de carbono. Ao contrário do hidrogênio tradicionalmente produzido, que depende de processos caros e poluentes, o chamado hidrogênio geológico surge como uma alternativa sustentável e economicamente promissora.
Nos Estados Unidos, o Departamento de Energia já investiu US$ 20 milhões em pesquisas sobre essa tecnologia emergente. Diversos grupos, como o liderado por Iwnetim Abate, professor do MIT, estão explorando maneiras de tornar a extração de hidrogênio mais eficiente e acessível.
A equipe de Abate estuda como acelerar as reações químicas que ocorrem naturalmente entre água e rochas ricas em ferro. Esses processos liberam hidrogênio, que pode ser captado e usado como combustível.
Abate, inspirado por suas experiências na Etiópia, onde a falta de energia era um desafio constante, está empenhado em criar soluções que possam beneficiar comunidades ao redor do mundo.
Seu laboratório desenvolve catalisadores econômicos e sistemas de inteligência artificial para otimizar a produção. “Nosso objetivo é tornar o hidrogênio geológico uma fonte competitiva de energia limpa”, afirma o professor.
Hidrogênio subterrâneo
Além dos Estados Unidos, outros países mostram interesse nesse recurso. A França anunciou financiamentos para explorar o hidrogênio natural, enquanto startups como a Natural Hydrogen Energy, sediada em Denver, já iniciaram perfurações exploratórias. Segundo o US Geological Survey, há bilhões de toneladas desse gás na crosta terrestre, prometendo uma nova era energética.
O hidrogênio comercial atual custa cerca de US$ 2 por quilo, mas sua produção ainda gera emissões de carbono. Já o hidrogênio verde, produzido com energia renovável, custa em média US$ 7. Com avanços nas tecnologias de extração subterrânea, o custo pode cair para US$ 1 por quilo, tornando-o competitivo com o gás natural.
Pesquisadores estão desenvolvendo reatores em escala industrial para extrair hidrogênio diretamente do subsolo. Esses dispositivos, equipados com tecnologias avançadas como espectroscopia Raman, permitirão uma produção segura e eficiente. Segundo Douglas Wicks, da ARPA-E, “compreender como estimular essas rochas a gerar hidrogênio é um passo crucial para liberar seu potencial”.
Enquanto a indústria se prepara para adotar técnicas de perfuração e extração similares às de petróleo e gás, o hidrogênio geológico emerge como uma solução viável para a crise energética global.