Novo relógio nuclear pode ter grande impacto nos GPSs e em toda a internet

Por Cássio Gusson
Relógio atômico pode mudar a internet. Foto: Dall-e

Uma nova geração de relógios pode estar prestes a transformar a forma como navegamos e nos conectamos à internet. Trata-se do relógio nuclear, uma inovação que promete superar a precisão dos relógios atômicos, utilizados atualmente para sincronizar o tempo em sistemas globais como GPS e a internet.

Pesquisadores anunciaram recentemente o desenvolvimento do primeiro protótipo funcional de um relógio nuclear, que pode trazer mudanças significativas para essas tecnologias.

Os relógios atômicos, usados desde a metade do século XX, são baseados na contagem das vibrações dos átomos, como o césio-133, que vibra exatas 9.192.631.770 vezes por segundo. Essa precisão é fundamental para o funcionamento de sistemas que requerem medidas temporais exatas, como as redes de comunicação e os satélites GPS. No entanto, os cientistas agora estão trabalhando em uma alternativa ainda mais precisa, os relógios nucleares.

Diferentemente dos relógios atômicos, que medem as vibrações de átomos inteiros, os relógios nucleares focam apenas no núcleo do átomo. Embora o núcleo seja 100.000 vezes menor do que o átomo como um todo, ele é muito mais estável e oferece uma frequência de “tique-taque” consideravelmente mais alta. Isso significa que os relógios nucleares podem dividir o tempo em partes ainda menores, resultando em medições temporais muito mais precisas.

Relógio nuclear

Essa nova tecnologia promete ser uma revolução, especialmente para sistemas como GPS e a internet, que dependem de um tempo extremamente preciso. Um relógio nuclear mais exato poderia permitir uma navegação por GPS mais rápida e precisa, além de uma internet mais eficiente, com menor latência. Isso beneficiaria diretamente indústrias que dependem de transações em tempo real, como os mercados financeiros e de comunicações, além de aplicações científicas de alta precisão, como o lançamento de satélites e missões espaciais.

O protótipo atual utiliza o átomo de tório-229, que apresenta estados quânticos próximos o suficiente para serem excitados por um laser ultravioleta, diferente dos lasers infravermelhos usados em relógios atômicos. Os pesquisadores da JILA, que desenvolveram o relógio, afirmam que o dispositivo ainda está em fase experimental, mas acreditam que em poucos anos ele poderá ultrapassar a precisão dos relógios atômicos.

Os benefícios do relógio nuclear não se limitam apenas ao aumento da precisão. Ele também pode ser mais portátil e estável do que os relógios atômicos, sendo menos suscetível a interferências eletromagnéticas, um problema que afeta a tecnologia atual. Além disso, sua implementação em larga escala poderia abrir portas para avanços na física fundamental, como a busca por matéria escura e a exploração de novas leis da natureza.

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Jornalista especializado em tecnologia, com atuação de mais de 10 anos no setor tech público e privado, tendo realizado a cobertura de diversos eventos, premiações a anúncios.
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