Cientistas do Dutch Black Hole Consortium estão em uma missão ambiciosa: encontrar novos buracos negros. No entanto, a tarefa é extremamente desafiadora, pois a luz emitida pela formação de um buraco negro desaparece rapidamente, dificultando sua detecção.
Para superar essa barreira, eles estão pedindo a ajuda do público em geral por meio do aplicativo Black Hole Finder, que permite que qualquer pessoa examine imagens espaciais em busca de possíveis buracos negros e ajude a direcionar os telescópios para as áreas mais promissoras.
Como funciona o Black Hole Finder
O Black Hole Finder foi desenvolvido pela Pocket Science e está disponível para dispositivos iOS, Android, e também na web.
Através do aplicativo, os usuários recebem três imagens de uma mesma região do céu noturno: uma foto recém-tirada, uma imagem de referência mais antiga e uma imagem combinada que destaca as diferenças entre as duas. Com base nessas comparações, os usuários são convidados a decidir se o fenômeno observado é real, falso ou desconhecido.
As imagens analisadas pelo público são capturadas pelos telescópios BlackGEM, localizados no Chile.
Esses telescópios começam a escanear o céu assim que uma onda gravitacional é detectada, em busca da luz efêmera de quilonovas — flashes brilhantes que ocorrem quando duas estrelas de nêutrons se fundem e possivelmente formam um buraco negro.
A luz emitida por esses eventos dura, no máximo, uma semana, tornando crucial a identificação rápida dos candidatos mais promissores.
Embora o projeto utilize inteligência artificial para filtrar essas imagens, os cientistas afirmam que os seres humanos ainda são melhores na identificação de padrões do que os algoritmos, conforme relatou Steven Bloemen, gerente de projeto dos telescópios.
As pessoas são muito melhores em identificar padrões do que nossos algoritmos.”
Além disso, ao participar do projeto, os usuários ajudam a treinar e melhorar esses algoritmos, aumentando a precisão na detecção de buracos negros.
Os participantes do aplicativo têm a oportunidade de solicitar que os telescópios realizem acompanhamentos de fontes transientes que tenham menos de 16 horas de idade.
Para alcançar esse nível de participação, os usuários precisam identificar mais de 1 mil transientes, o que lhes concede o status de “Superusuário”. Além disso, aqueles que contribuírem de maneira significativa podem até ser reconhecidos como coautores em publicações científicas relacionadas à descoberta de novos buracos negros.
O Black Hole Finder não só oferece uma oportunidade única de contribuir para a ciência, mas também aproxima o público das fronteiras do conhecimento astronômico, permitindo que pessoas comuns desempenhem um papel vital na descoberta de um dos fenômenos mais misteriosos do universo.