O primeiro lançamento da ambiciosa megaconstelação de internet chinesa Qianfan, que visa colocar até 14 mil satélites em órbita, começou de forma preocupante. Nessa terça-feira (6), um foguete Longa Marcha 6A lançou com sucesso os primeiros 18 satélites da rede, colocando-os em órbita baixa da Terra, a cerca de 800 quilômetros de altitude. No entanto, logo após a inserção dos satélites em órbita, o estágio superior do foguete se partiu, gerando uma nuvem de detritos espaciais.
De acordo com o Comando Espacial dos Estados Unidos (USSPACECOM), a fragmentação do estágio superior do Longa Marcha 6A resultou em mais de 300 pedaços de detritos rastreáveis, cada um com pelo menos 10 centímetros de diâmetro.
Essa nuvem de detritos agora orbita a Terra, aumentando ainda mais a já preocupante quantidade de lixo espacial em órbita.
Preocupações com o aumento de detritos espaciais
O evento acendeu um alerta entre especialistas em segurança espacial, como Audrey Schaffer, vice-presidente de estratégia e política da Slingshot Aerospace, que destacou o risco de que futuros lançamentos dessa megaconstelação possam gerar uma quantidade insustentável de detritos.
Schaffer ressaltou a importância de aderir às diretrizes de mitigação de detritos espaciais e a necessidade de robustas capacidades de conscientização do domínio espacial para detectar e rastrear esses objetos.
Este não é o primeiro incidente envolvendo o Longa Marcha 6A.
Em novembro de 2022, outro estágio superior deste modelo de foguete gerou uma nuvem de mais de 500 pedaços de detritos após o lançamento de um satélite meteorológico.
Esses eventos reforçam as preocupações sobre a segurança e sustentabilidade das atividades espaciais, especialmente em um momento em que a órbita terrestre está cada vez mais lotada.
Segundo a Agência Espacial Europeia, atualmente há cerca de 10 mil satélites operacionais ao redor do planeta e mais de 40,5 mil pedaços de detritos rastreáveis, além de milhões de fragmentos menores.
O início turbulento da constelação Qianfan sublinha a necessidade de maior cuidado e cooperação internacional na gestão do espaço orbital, para evitar que incidentes como esse comprometam a segurança das operações espaciais e aumentem o risco de colisões em órbita.