Quando você vive na Lua, sua única opção para voltar à Terra ou seguir para Marte será algum tipo de foguete. Cada lançamento, no entanto, levanta uma tempestade infernal de detritos. Para conter essa bagunça, a construção de muros pode um dia cair nas mãos de rovers autônomos.
Durante a missão Apollo 12, em 1969, os astronautas trouxeram de volta partes do módulo de pouso Surveyor III, que haviam sido lançadas na superfície lunar em 1967. Essas peças revelaram um problema significativo: os foguetes que transportam pessoas e cargas de e para a superfície levantam muito regolito, danificando equipamentos sensíveis. Estima-se que os pousos na Lua podem afetar o ambiente lunar a milhares de metros do local de pouso.
A missão Artemis da NASA, programada para estabelecer uma colônia na Lua, usará o Starship Human Landing System (HLS) da SpaceX para transportar colonos entre um gateway orbital e a superfície lunar. Com isso, muita poeira será levantada nos próximos anos, e contê-la para proteger habitats e equipamentos sensíveis será crucial para a vida na Lua.
Muro na Lua
A ideia de construir muros ao redor de locais de lançamento e pouso já foi explorada antes. Soluções incluem o aquecimento de micro-ondas do solo para criar tijolos lunares e o uso de impressão 3D para criar estruturas a partir de solo lunar. No entanto, de acordo com um novo estudo liderado por Jonas Walther, há uma maneira mais eficiente e econômica de construir escudos contra explosões: empilhar pedras da superfície lunar.
Walther, que trabalhou no Instituto de Robótica e Sistemas Inteligentes da ETH Zürich e agora atua no laboratório Venturi na Suíça, propõe a construção de paredes de pedra com rovers autônomos, como as escavadeiras HEAP. Essas escavadeiras foram demonstradas pela ETH Zurich no ano passado, construindo um muro de pedra seca de seis metros de altura.
A abordagem de Walther seria duas ordens de magnitude mais eficiente em termos de energia do que as ideias anteriores, pois utilizar pedras existentes não requer transporte de materiais adicionais ou transformação do solo lunar em materiais de construção.
Os pesquisadores examinaram a construção de escudos de explosão em duas áreas na Lua: o Planalto de Aristarchus e a Cordilheira de Conexão Shackelton-Henson. Os cálculos sugerem que a construção de anéis de escudo com um raio de 50 metros e uma altura de 3,3 metros poderia ser concluída em cerca de 126 dias terrestres.
Embora o empilhamento de pedras possa criar lacunas que permitem a fuga de regolito, essas podem ser seladas com pedras menores ou outros materiais. A economia de energia e a eficiência tornam essa abordagem uma opção viável para proteger a infraestrutura lunar.