Satélite de madeira é lançado ao espaço pela primeira vez para testar durabilidade do material em órbita

Por Luciano Rodrigues
Imagem: Dall-E

Nessa segunda-feira (4), cientistas japoneses fizeram história ao lançar o primeiro satélite de madeira do mundo em uma missão da SpaceX rumo à Estação Espacial Internacional (ISS).

O satélite, chamado LignoSat, derivado da palavra latina para madeira, orbitará a cerca de 400 km da Terra por seis meses, onde pesquisadores monitorarão sua resistência às condições extremas do espaço.

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O projeto inovador, conduzido pela Universidade de Kyoto em colaboração com a empresa madeireira Sumitomo Forestry, tem como principal objetivo investigar se a madeira pode ser um material viável para construções espaciais.

Takao Doi, astronauta e professor da Universidade de Kyoto, avaliou, em entrevista à Reuters:

Com madeira, um material que podemos produzir por nós mesmos, seremos capazes de construir casas, viver e trabalhar no espaço para sempre.

Além de suas possíveis vantagens técnicas, a madeira oferece uma alternativa ambientalmente sustentável para o setor espacial.

Diferentemente dos satélites convencionais, feitos de metal, os satélites, na reentrada da atmosfera, não liberariam partículas de óxido de alumínio, que é um composto poluente que contribui para a degradação ambiental.

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Testando os limites da madeira no espaço

A parceria entre a Sumitomo Forestry e a Universidade de Kyoto teve início em 2020, com uma série de estudos que analisaram a durabilidade e a adaptação da madeira a ambientes extremos.

Em 2022, o grupo realizou testes de exposição no espaço por mais de 240 dias, utilizando a ISS como laboratório.

Os resultados mostraram que a madeira tem potencial para suportar as condições do espaço sem se deteriorar rapidamente.

Para o LignoSat, os cientistas escolheram uma madeira conhecida como hoonoki, um tipo de magnólia, que foi selecionado por suas características de alta trabalhabilidade, resistência e estabilidade dimensional, além de ser naturalmente resistente a estilhaços — uma qualidade que já o torna ideal para a fabricação de bainhas de espadas no Japão.

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Durante os próximos meses, sensores a bordo do satélite vão monitorar a durabilidade do material em um ambiente onde não há oxigênio ou água, fatores que protegem o LignoSat contra o risco de combustão e decomposição.

Um dos principais focos dos pesquisadores é avaliar a capacidade da madeira em proteger semicondutores contra a radiação espacial, uma propriedade importante para a segurança dos circuitos eletrônicos presentes nos satélites.

Doi afirmou que, caso o experimento com o LignoSat seja bem-sucedido, ele pretende apresentar os resultados à SpaceX de Elon Musk.

Em um cenário mais avançado, a equipe de Doi vislumbra, em um horizonte de 50 anos, a possibilidade de cultivar madeira para construir habitações na Lua e em Marte.

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Esta visão aponta para um futuro em que a exploração espacial pode aliar avanços tecnológicos e uma abordagem ecológica para reduzir o impacto humano fora da Terra.

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Jornalista, assessor de comunicação, escritor e comunicador, com MBA em jornalismo digital e 12 anos de experiência, tendo passado também por alguns veículos no setor tech.
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