Lançado pouco após a chegada do homem à Lua, o Skynet-1A foi o primeiro satélite militar do Reino Unido, posicionado sobre a África Oriental para servir às comunicações das forças britânicas e, após alguns anos em operação, a nave deixou de funcionar e foi abandonada.
No entanto, hoje, a Skynet-1A se encontra surpreendentemente longe de seu ponto original, flutuando em uma órbita acima das Américas — um enigma que intriga pesquisadores e especialistas, conforme relata a BBC.
Segundo o consultor espacial Dr. Stuart Eves, o satélite deve ter recebido comandos para se mover, provavelmente entre os anos 1970 e 1980, mas não há registros sobre quem executou essa ação ou o motivo.
Esse movimento inusitado trouxe o Skynet-1A para uma posição arriscada em um “poço gravitacional” a 105 graus de longitude oeste, onde a nave flutua de maneira instável, aproximando-se perigosamente de outras rotas de satélites ativos.
Com sua função original encerrada, o satélite é agora um pedaço de lixo espacial, mas o Reino Unido ainda é responsável por ele. Segundo o Dr. Eves, seu deslocamento o coloca em risco de colisão, o que poderia gerar uma nuvem de detritos perigosos para outras operações.
Especulações e desafios para remoção do Skynet-1A
O mistério do Skynet-1A envolve uma história de cooperação entre o Reino Unido e os Estados Unidos. Criado pela empresa norte-americana Philco Ford e lançado com um foguete Delta da Força Aérea dos EUA, o satélite foi inicialmente operado pelos americanos, que eventualmente passaram o controle para a RAF Oakhanger, no Reino Unido.
Graham Davison, um dos responsáveis por monitorá-lo nos anos 1970, recorda que o satélite esteve sob controle conjunto antes de ser transferido permanentemente para os britânicos.
Rachel Hill, pesquisadora da University College London, sugere que o deslocamento pode ter ocorrido durante uma “manutenção essencial”, momento em que o controle era temporariamente transferido para a base americana Blue Cube, na Califórnia.
Seja qual for a origem da movimentação, o Skynet-1A deveria ter sido enviado a uma órbita segura no “cemitério orbital” acima da Terra.
Essa prática, comum hoje para evitar riscos de colisão, não era considerada nas décadas de 1960 e 1970, resultando em uma trajetória errática que hoje representa uma ameaça.
O Skynet-1A passa por outros satélites ativos até quatro vezes ao dia, criando a necessidade de vigilância constante por parte do National Space Operations Centre do Reino Unido para garantir que as rotas estejam livres de potenciais colisões.
Com o crescente número de satélites, a gestão de detritos espaciais tornou-se um desafio importante.
Tecnologias estão sendo desenvolvidas para capturar e remover esses objetos, especialmente em órbitas mais baixas, mas o caso do Skynet-1A pode exigir uma solução inovadora.
Moriba Jah, professor de engenharia aeroespacial da Universidade do Texas em Austin, alerta para o perigo de “eventos superespalhadores” — quando um satélite obsoleto colide ou explode, gerando milhares de fragmentos perigosos.
A remoção do Skynet-1A ou seu reposicionamento para uma órbita segura pode ser a solução para evitar maiores complicações no espaço orbital e garantir a sustentabilidade das operações espaciais.