Uma descoberta revolucionária realizada por cientistas na Universidade de Leeds, em colaboração com instituições renomadas como o Amsterdam UMC e a Universidade de Cambridge, trouxe novas perspectivas sobre o Alzheimer, a forma mais comum de demência.
Pela primeira vez, os pesquisadores desvendaram a estrutura molecular detalhada de proteínas-chave no cérebro humano, abrindo caminho para possíveis terapias direcionadas.
Publicado na revista Nature, o estudo utilizou técnicas avançadas de imagem para criar mapas tridimensionais que permitem observar proteínas, os blocos de construção moleculares da vida, a uma escala um milhão de vezes menor que um grão de arroz. A pesquisa focou em duas proteínas críticas para a demência: o ‘β-amilóide’, que forma placas pegajosas microscópicas, e a ‘tau’, que no Alzheimer forma filamentos anormais que se espalham pelo cérebro.
As imagens fluorescentes revelaram a arquitetura molecular do β-amilóide e a estrutura dos filamentos de tau em tecidos cerebrais preservados post-mortem. Essa análise detalhada mostrou como essas proteínas se organizam e revelou novas estruturas moleculares envolvidas na patologia cerebral.
No Alzheimer, tanto as placas de β-amilóide quanto os filamentos anormais de tau são considerados responsáveis por interromper a comunicação celular, levando a sintomas como perda de memória, confusão e morte celular. A descoberta dessas estruturas fornece pistas sobre o que acontece com essas proteínas na doença.
Avanço na cura do Alzheimer
O Dr. Rene Frank, autor principal do estudo e professor associado na Escola de Biologia da Universidade de Leeds, destacou a importância desta descoberta: “Esta primeira visão da estrutura das moléculas dentro do cérebro humano oferece pistas adicionais sobre o que ocorre com as proteínas na doença de Alzheimer e estabelece uma abordagem experimental que pode ser aplicada para entender melhor uma ampla gama de outras doenças neurológicas devastadoras.”
Nos últimos 70 anos, cientistas de todo o mundo acumularam um vasto catálogo de estruturas moleculares, estudando proteínas isoladamente em tubos de ensaio. No entanto, funções biológicas são geralmente o resultado da interação de diversas proteínas. Este estudo representa um novo esforço para analisar proteínas diretamente dentro das células e tecidos, em seu ambiente nativo, e compreender como elas interagem e afetam umas às outras, especialmente em tecidos humanos devastados pela doença.
A longo prazo, espera-se que observar essa interação de proteínas dentro dos tecidos acelere a identificação de novos alvos para terapias e diagnósticos de última geração baseados em mecanismos específicos. Esta pesquisa marca um avanço significativo na luta contra o Alzheimer, oferecendo esperança de que um tratamento definitivo possa estar no horizonte.