Pesquisadores do Karolinska Institutet, na Suécia, fizeram uma descoberta revolucionária sobre a capacidade do coração humano de regenerar suas próprias células musculares, os miócitos.
Publicado no renomado jornal científico Circulation, o estudo revela que, com o uso de bombas cardíacas de suporte, o coração pode se recuperar de danos graves e gerar novas células musculares em um ritmo até seis vezes superior ao de um coração saudável.
Após uma insuficiência cardíaca severa, a regeneração natural de células no coração diminui drasticamente, tornando a recuperação mais difícil. Segundo os cientistas, a capacidade regenerativa do coração, mesmo em condições normais, já é muito limitada.
“O que descobrimos é que, após um dano grave, essa capacidade é ainda menor, mas pode ser drasticamente alterada com a ajuda de dispositivos de suporte cardíaco”, explica Olaf Bergmann, pesquisador do Departamento de Biologia Celular e Molecular do Karolinska Institutet.
Bombas cardíacas estimulam a recuperação do coração
Pacientes tratados com dispositivos de assistência ventricular esquerda (LVAD), usados para ajudar o bombeamento de sangue, mostraram uma regeneração acelerada de células musculares cardíacas.
Esse avanço superou até mesmo os índices de renovação celular observados em corações saudáveis. “Esses resultados sugerem que há um mecanismo escondido que pode ser ativado para impulsionar a recuperação natural do coração”, destaca Bergmann.
Embora os mecanismos precisos que impulsionam essa regeneração ainda sejam desconhecidos, os pesquisadores acreditam que essa descoberta pode abrir caminho para novas terapias que estimulam a autorrecuperação do coração, reduzindo a necessidade de transplantes ou outros tratamentos invasivos.
Para avaliar a taxa de renovação celular no coração, os pesquisadores utilizaram uma técnica inovadora desenvolvida por Jonas Frisén, professor de pesquisa em células-tronco. Essa abordagem mede os níveis de carbono radioativo presente nas células, rastreando mudanças ocorridas desde o início da proibição de testes nucleares em 1963. Esse método permitiu identificar quais células cardíacas eram recém-formadas.
A descoberta oferece esperança para pacientes que enfrentam condições cardíacas graves. Ao compreender melhor como o coração pode regenerar suas próprias células, os cientistas vislumbram tratamentos que podem revolucionar a cardiologia. “Essa pesquisa traz otimismo de que podemos encontrar formas de impulsionar a recuperação após um incidente cardíaco”, conclui Bergmann.