Dietas com poucos carboidratos podem aumentar risco de câncer colorretal

  • Pesquisa liga dieta pobre em carboidratos a câncer.
  • Estudo aponta riscos da dieta com pouca fibra.
  • Interação com E. coli pode danificar o DNA.

As dietas com baixo teor de carboidratos ganharam popularidade devido à promessa de perda de peso rápida. No entanto, um novo estudo aponta que essa abordagem alimentar pode aumentar o risco de câncer colorretal.

A descoberta surgiu após uma pesquisa que analisou os efeitos desse tipo de dieta em camundongos, sugerindo que a combinação entre dieta restritiva e microbioma intestinal pode causar danos ao DNA.

Os carboidratos são fundamentais para fornecer energia ao corpo. Quando sua ingestão é reduzida, o organismo recorre às reservas de gordura armazenada para obter energia. Embora isso favoreça a perda de peso, cientistas identificaram um possível efeito colateral grave: a interação entre dietas pobres em carboidratos e bactérias do intestino pode resultar em danos genéticos que aumentam o risco de desenvolver tumores.

Dieta, microbioma e câncer: um alerta preocupante

A pesquisa, publicada na revista Nature Microbiology, analisou três tipos de dieta: uma dieta normal, uma dieta com baixo teor de carboidratos e uma dieta ocidental rica em gordura e açúcar. Os cientistas combinaram essas dietas com diferentes bactérias comuns da microbiota intestinal para investigar possíveis relações com o câncer colorretal.

Os resultados mostraram que a dieta pobre em carboidratos, associada a uma bactéria da espécie Escherichia coli (E. coli), apresentou maior risco de danos ao DNA. A presença da bactéria levou à produção de colibactina, um composto que pode danificar o material genético. Além disso, pode desencadear o aparecimento de pólipos, aumentando as chances de desenvolver tumores colorretais.

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Os pesquisadores observaram ainda que dietas pobres em carboidratos tendem a reduzir a fibra no organismo, criando um ambiente favorável para a proliferação da E. coli. Isso causa uma inflamação intestinal que, por sua vez, enfraquece a barreira mucosa do intestino, permitindo que a colibactina atinja diretamente as células epiteliais.

Os testes realizados em camundongos indicam que o impacto pode ser significativo, mas os especialistas alertam para a limitação dos resultados em humanos. Apesar disso, os dados levantam um sinal de alerta sobre a adoção indiscriminada de dietas restritivas sem acompanhamento profissional.

Embora os resultados ainda precisem de comprovação clínica em humanos, os cientistas acreditam que o estudo pode ajudar a prevenir o câncer ao sugerir uma dieta balanceada e rica em fibras. Como a pesquisa foi conduzida em camundongos, os pesquisadores recomendam cautela ao interpretar os dados. Mas não descartam a relevância do microbioma intestinal no desenvolvimento de doenças graves.

Estudos anteriores já haviam sugerido que a bactéria E. coli e seu composto colibactina poderiam estar associados a tumores colorretais. Recentemente, uma pesquisa com pacientes de 11 países encontrou evidências de que a exposição precoce à toxina pode aumentar o risco de câncer.

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Jornalista, assessor de comunicação, escritor e comunicador, com MBA em jornalismo digital e 12 anos de experiência, tendo passado também por alguns veículos no setor tech.
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