A Salva Health, uma startup colombiana focada em soluções inovadoras para saúde, desenvolveu um dispositivo portátil chamado Julietta, com o objetivo de auxiliar na triagem precoce do câncer de mama em áreas com acesso limitado a exames tradicionais.
O Julietta mede a densidade do tecido mamário por meio de eletrodos que se conectam diretamente ao corpo e envia os resultados em poucos minutos para dispositivos como celulares, tablets ou computadores, facilitando o uso e a análise remota.
O dispositivo, atualmente em fase de testes clínicos em parceria com o Grupo Sura, uma grande seguradora colombiana, utiliza inteligência artificial para calcular o risco de câncer de mama e sinalizar possíveis anomalias.
A Salva Health está aguardando a aprovação do Instituto Nacional de Vigilância de Medicamentos e Alimentos (INVIMA) da Colômbia, equivalente ao FDA nos EUA ou a ANVISA no Brasil, para distribuir o produto em larga escala no país.
Após essa aprovação, a empresa planeja expandir para outros países da América Latina, utilizando tratados comerciais para reconhecimento regional do dispositivo.
Embora não substitua a mamografia, o Julietta é pensado como uma ferramenta de triagem inicial, permitindo que mulheres em comunidades remotas ou de difícil acesso recebam orientação sobre a necessidade de exames adicionais.
Esse modelo permite que as seguradoras priorizem casos que precisam de acompanhamento mais detalhado, melhorando a eficiência no diagnóstico.
Como surgiu o Julietta?
A ideia de desenvolver um dispositivo para diagnóstico precoce surgiu há seis anos, quando Valentina Agudelo, fundadora da Salva Health, pesquisava sobre empreendedorismo em saúde durante uma competição universitária.
Ao identificar a diferença significativa nas taxas de sobrevivência ao câncer de mama entre a América Latina e países desenvolvidos, especialmente pela falta de diagnósticos precoces, Agudelo enxergou uma oportunidade de inovação para mudar essa realidade.
Após a competição, a ideia permaneceu em sua mente, o que levou à criação da Salva Health em 2018, com foco inicial no Julietta.
Desde então, Agudelo se dedicou a desenvolver o dispositivo enquanto completava sua formação acadêmica, incluindo um MBA pelo INSEAD, e acumulava experiências em empresas como PepsiCo e na startup de saúde Dondoctor.
Hoje, com uma equipe de 13 pessoas, a Salva Health planeja alcançar outras regiões emergentes como África e Índia, visando mercados onde o acesso ao diagnóstico de câncer de mama ainda é limitado.
Nos EUA, a empresa também pretende solicitar reconhecimento do FDA, projetando-se como uma alternativa para seguradoras reduzirem custos ao adotar o Julietta para triagem.
Ao invés de vender o Julietta diretamente para clínicas, a Salva Health optou por um modelo de hardware como serviço, oferecendo o dispositivo gratuitamente e cobrando das operadoras de saúde por triagem realizada.
Esse modelo permite que a empresa controle o uso do dispositivo e dos dados coletados, promovendo melhorias contínuas conforme surgem novas demandas.
Além do câncer de mama, a Salva Health já explora outras soluções para diagnóstico precoce de diabetes e doenças cardiovasculares, ampliando seu impacto na saúde preventiva.