- Tratamento elimina mortes em câncer de mama BRCA
- Olaparibe pré-cirurgia garante 100% de sobrevivência
- Estudo britânico pode mudar protocolos globais
Pesquisadores da Universidade de Cambridge anunciaram um avanço extraordinário no combate ao câncer de mama hereditário. Em um ensaio clínico recente, todos os pacientes tratados com uma nova combinação de medicamentos sobreviveram por pelo menos três anos após o tratamento — uma taxa inédita em casos agressivos de câncer ligados aos genes BRCA1 e BRCA2.
O estudo, publicado na revista Nature Communications, envolveu pacientes de 23 unidades do NHS no Reino Unido. A equipe médica aplicou um novo protocolo que combinou quimioterapia e o medicamento olaparibe antes da cirurgia, em vez de aplicar os tratamentos separadamente ou apenas após a operação.
A inovação incluiu um intervalo de 48 horas entre a quimioterapia e o uso do olaparibe, permitindo que a medula óssea do paciente se recuperasse antes de atacar as células tumorais com a droga alvo. Esse detalhe no tempo de aplicação foi essencial para os resultados positivos, segundo os cientistas envolvidos.
Novo tratamento câncer de mama
Entre os 39 pacientes que receberam essa estratégia combinada, apenas um sofreu recaída, mas nenhum faleceu no período de três anos após a cirurgia. Em contrapartida, o grupo controle, que recebeu apenas quimioterapia, teve nove recaídas e seis mortes entre 45 participantes.
A paciente Jackie Van Bochoven, de 59 anos, relatou o impacto da descoberta: “Quando recebi o diagnóstico, fiquei em choque. Mas agora, seis anos depois, estou bem, livre do câncer, e aproveitando a vida ao lado da minha família”.
Esse novo modelo de tratamento pode reduzir custos no sistema de saúde. Hoje, pacientes tomam olaparibe por até 12 meses após a cirurgia. No novo protocolo, o uso se limita a 12 semanas antes da operação, com efeitos igualmente — ou ainda mais — eficazes.
O Professor Jean Abraham, que liderou o estudo, afirmou que “é raro ter uma taxa de sobrevivência de 100% em um grupo com câncer tão agressivo. Estamos muito animados com esse potencial de mudança no tratamento”.
A iniciativa, chamada Partner Trial, surgiu de uma conversa entre Abraham e Mark O’Connor, cientista da AstraZeneca. A troca casual levou ao teste da lacuna de 48 horas — e, com ela, à descoberta histórica.
Dessa forma, a equipe agora se prepara para um estudo em maior escala, com o objetivo de validar os resultados e levar o tratamento ao padrão da medicina pública. O modelo também poderá ser expandido para outros cânceres relacionados aos genes BRCA, como ovário, próstata e pâncreas.
Com essa descoberta, a medicina dá um passo firme rumo a terapias mais eficazes, seguras e personalizadas, reduzindo o sofrimento de milhares de pessoas ao redor do mundo.