O preço do ouro (XAU/USD) tem atraído compradores pelo terceiro dia consecutivo e se aproxima da máxima semanal nesta sexta-feira, de acordo com o analista técnico Haresh Menghani.
No entanto, Menghani alerta que o movimento de alta ainda carece de “convicção altista” enquanto investidores aguardam a divulgação do relatório crucial de empregos não agrícolas dos Estados Unidos (NFP, na sigla em inglês), que pode influenciar diretamente os próximos passos do Federal Reserve (Fed) em relação às taxas de juros.
Segundo o analista, o aumento das apostas de que o Fed adotará um corte maior nas taxas de juros em sua próxima reunião, marcada para 17 e 18 de setembro, tem pressionado o dólar americano (USD) para baixo, ao mesmo tempo em que oferece suporte ao ouro, que não gera rendimento, mas é visto como um ativo seguro em tempos de incerteza.
Os dados mistos do mercado de trabalho dos EUA divulgados nesta semana reforçaram a percepção de que a economia americana está perdendo força. O Relatório Nacional de Emprego da ADP, divulgado na quinta-feira, mostrou que o setor privado criou apenas 99 mil vagas em agosto, a menor alta desde janeiro de 2021, e bem abaixo das expectativas de 145 mil vagas.
“O mercado de trabalho está claramente esfriando”, afirma Menghani. “Esses números decepcionantes reforçam as preocupações com a saúde da economia, o que aumenta a demanda por ativos seguros como o ouro.”
Além disso, Menghani destaca que o enfraquecimento do mercado de trabalho, combinado com tensões geopolíticas persistentes, tem limitado o apetite dos investidores por ativos mais arriscados, impulsionando o ouro. “O ambiente atual, marcado por incertezas econômicas e políticas, continua a ser favorável para o metal precioso”, diz o analista.
Análise técnica preço do ouro
Do ponto de vista técnico, Menghani acredita que o preço do ouro está em uma trajetória de alta, mas alerta que uma barreira imediata entre os níveis de US$ 2.524 e US$ 2.525 precisa ser superada para que o movimento de alta se consolide.
“Se o ouro conseguir romper essa resistência, veremos uma nova onda de compras, levando o metal a testar novamente a máxima histórica, próxima de US$ 2.531”, explica o analista.
Os indicadores técnicos também estão do lado dos compradores, segundo Menghani. “Os osciladores diários ainda estão em território positivo e longe de níveis sobrecomprados, o que sugere que o caminho de menor resistência é para cima”, acrescenta.
Por outro lado, o analista adverte que o nível psicológico de US$ 2.500 agora atua como um suporte crucial. “Se o preço cair abaixo desse ponto, poderemos ver o ouro recuar para os níveis de suporte em torno de US$ 2.471 e US$ 2.470”, alerta.
Nesse cenário, uma quebra abaixo dessa faixa pode abrir caminho para perdas mais profundas, com o preço do ouro podendo atingir a média móvel de 50 dias, próxima de US$ 2.440, e, eventualmente, a média móvel de 100 dias, em torno de US$ 2.388.
Com o mercado agora focado no relatório de empregos não agrícolas dos EUA, que será divulgado hoje, os investidores estão atentos ao número de novas vagas criadas em agosto e à taxa de desemprego. O consenso prevê a criação de 160 mil novos postos de trabalho e uma leve queda na taxa de desemprego, para 4,2%.
“O desempenho dos próximos dias dependerá fortemente desses dados e da reação do Fed ao enfraquecimento do mercado de trabalho. Se o cenário continuar a favorecer um corte nas taxas de juros, o ouro poderá se beneficiar significativamente”, conclui Menghani.