O preço do ouro (XAU/USD) teve uma alta de quase meio por cento na quinta-feira, chegando à faixa dos US$ 2.380, enquanto os mercados continuam a prever cortes nas taxas de juros.
Em seu segundo dia de depoimento aos legisladores dos EUA, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, adotou um tom de otimismo cauteloso, sugerindo que a inflação poderia diminuir sem causar muitas perdas de empregos, um cenário que economistas chamam de “aterrissagem suave”. No entanto, Powell também destacou a necessidade de uma abordagem vigilante e dependente dos dados para monitorar a inflação.
O analista Joaquin Monfort comentou sobre o impacto dessas declarações no mercado de ouro.
“Os comentários de Powell deram suporte ao ouro, que tende a se beneficiar quando se espera a queda das taxas de juros, já que taxas mais baixas aumentam a atratividade do ativo ao reduzir o custo de oportunidade de mantê-lo”, explicou Monfort.
Ele acrescentou que os dados do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos EUA para junho, divulgados às 12h30 GMT, poderiam ajustar ainda mais as expectativas para a trajetória das taxas de juros nos EUA, afetando assim o preço do ouro.
Além disso, Monfort destacou que o ouro também está se beneficiando de dados que mostram que os bancos centrais continuam a acumular o metal em todo o mundo. Apesar da notícia de que o maior consumidor de ouro, o Banco Popular da China (PBoC), parou de comprar o metal precioso pelo segundo mês consecutivo em junho, após 18 meses de compras intensivas, outros bancos centrais continuam a adquirir o metal.
“Mesmo com a ausência do PBoC no mercado, que responde por mais de um quarto das compras, o Banco da Índia (BOI) comprou nove toneladas de ouro em junho, o Banco Nacional da Polônia adquiriu quatro toneladas, e o Banco Nacional Checo, duas toneladas”, observou Monfort, citando dados do TD Securities.
Os analistas do Citibank permanecem otimistas quanto à demanda dos bancos centrais, prevendo um aumento na segunda metade do ano para um total de cerca de 1.100 toneladas em 2024, um aumento de 5,8% em relação ao ano anterior. Eles atribuem esses ganhos à crescente probabilidade de guerras comerciais e preocupações com as políticas fiscais dos EUA. O Citibank prevê que o ouro atinja US$ 2.600 até o final de 2024.
- Leia também: Bitcoin hoje 11/07/2024: touros e ursos descansam e preço do Bitcoin fica em US$ 58 mil sem se mover
Análise Técnica preço do ouro
Ouro fez ganhos pelo terceiro dia consecutivo, seguindo a formação de um padrão de reversão de duas barras de baixa no topo do movimento de alta no início de julho. Este padrão geralmente indica uma reversão de curto prazo. No caso do ouro, essa reversão não se concretizou.
Monfort observou que a perspectiva para o ouro ainda é incerta.
“Ainda há risco de que o ouro possa recuar para a Média Móvel Simples de 50 dias, em US$ 2.344, cumprindo as implicações negativas do padrão de duas barras”, explicou. No entanto, a recuperação após a formação do padrão sugere que o preço pode subir. “Uma quebra acima do pico de sexta-feira, em US$ 2.393, forneceria uma forte confirmação de alta, desbloqueando o próximo alvo de US$ 2.451, o recorde histórico”, acrescentou.
Embora o padrão de topo de Cabeça e Ombros de baixa formado de abril a junho tenha sido invalidado pela recente recuperação, Monfort advertiu que ainda existe a possibilidade de um padrão de topo mais complexo ter se formado. Se o preço quebrar abaixo do pescoço desse padrão, em US$ 2.279, uma reversão para baixo ainda pode ser possível, com um alvo conservador de US$ 2.171.