Nesta quinta-feira, 27 de junho, o preço do ouro (XAU/USD) subiu ligeiramente, sendo negociado logo acima de US$ 2.300, enquanto os investidores de curto prazo realizam lucros após a última queda a partir da faixa dos US$ 2.330.
Segundo o analista Joaquin Monfort, o metal precioso tem sido pressionado por comentários de autoridades do Federal Reserve (Fed) – responsáveis por definir as taxas de juros nos Estados Unidos – que têm consistentemente afirmado que é necessário mais progresso na redução da inflação antes de considerarem cortes nas taxas de juros.
“A relutância do Fed em cortar taxas pesa sobre o ouro porque torna o ativo que não paga juros comparativamente menos atraente para os investidores”, explicou Monfort.
Na quinta-feira, o ouro apresentou movimentos de recuperação após um grande dia de queda na quarta-feira, quando o mercado reagiu a uma mistura de discursos do Fed e oportunidades técnicas baseadas em gráficos.
“Em relação às taxas de juros, será crucial o lançamento do Índice de Preços de Gastos com Consumo Pessoal (PCE) de maio nos EUA, que é a medida de inflação preferida do Fed”, afirmou Monfort. “Um resultado abaixo do esperado poderia tornar o Fed mais otimista em cortar as taxas de juros, e o contrário seria verdadeiro se o PCE superar as expectativas.”
Preço do ouro
Enquanto o Fed mantém sua postura cautelosa, o mercado mostra um otimismo relativo, vendo uma probabilidade de 62% de que o Fed cortará as taxas de juros até a reunião de setembro, embora essa probabilidade tenha caído em relação aos 66% vistos na quarta-feira. Essas estimativas são baseadas na ferramenta CME FedWatch, que calcula as chances usando os preços dos futuros dos Fed Funds.
O ouro continua sendo apoiado por vários fatores positivos de longo prazo. Primeiramente, seu papel como um porto seguro em um mundo cada vez mais incerto e fragmentado.
“A incerteza geopolítica no Oriente Médio, Ucrânia e agora na França, antes das eleições contenciosas, está deixando alguns investidores nervosos”, observou Monfort. “Além disso, a mudança revolucionária impulsionada pela IA e a ameaça das mudanças climáticas também adicionam uma camada de incerteza que favorece o ouro.”
O dólar americano (USD) é outro fator ambíguo. Um dólar forte causou uma depreciação acentuada nas moedas asiáticas recentemente, levando os bancos centrais regionais a acumularem ouro como uma proteção contra os efeitos.
“No entanto, um dólar mais forte também tende a baixar o preço do ouro, já que é cotado em dólares”, acrescentou Monfort. “O recente aumento do USD para um máximo de 38 anos contra o iene japonês (JPY) aumentará a demanda por ouro como proteção cambial.”
Outro fator positivo de longo prazo é a estratégia da confederação comercial BRICS de usar o ouro como substituto do dólar americano no comércio global. “Dado seu status como um valor seguro e estável, o ouro é a alternativa mais confiável como meio de troca entre nações com moedas frequentemente voláteis”, explicou o analista.
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Análise Técnica preço do ouro
Tecnicamente, o ouro continua se aproximando de um suporte chave e do que pode ser a linha de pescoço de um possível padrão de topo em US$ 2.279. “Uma quebra abaixo dessa linha indicaria um movimento de baixa forte”, disse Monfort. “O par XAU/USD formou um padrão de cabeça e ombros (H&S) de baixa nos últimos três meses, mas a quebra para cima em 20 de junho lançou dúvidas sobre a validade desse padrão.”
Apesar da incerteza, Monfort aponta que “uma quebra abaixo da linha de pescoço – mesmo que não seja um H&S ortodoxo – em US$ 2.279 confirmaria uma reversão para baixo, com um alvo conservador em US$ 2.171 e um segundo alvo em US$ 2.105.”
Contudo, também é possível que o ouro encontre suporte e continue subindo.
“Uma quebra acima de US$ 2.350 confirmaria um movimento até o máximo de 7 de junho em US$ 2.380 e possivelmente até o máximo histórico de maio em US$ 2.450”, concluiu.