- Protesto ocorreu durante conferência Microsoft Build.
- Engenheiro denuncia uso de Azure por militares de Israel.
- Empresa diz não ter encontrado uso indevido da tecnologia.
Um engenheiro da Microsoft interrompeu o discurso de Satya Nadella, CEO da companhia, durante a conferência Microsoft Build, em Seattle. O protesto criticou os contratos da empresa com o governo israelense, com ênfase no uso das tecnologias de nuvem e inteligência artificial no conflito em Gaza.
O funcionário, identificado como Joe Lopez, que atuava há quatro anos na equipe de hardware do Azure, gritou “Libertem a Palestina!” poucos minutos depois de Nadella subir ao palco. Outros manifestantes também participaram da ação e foram retirados do local. Nadella ignorou a interrupção e seguiu com a apresentação.
Em seguida, Lopez enviou um e-mail para milhares de colegas, alegando que está “chocado com o silêncio da liderança” diante das denúncias sobre o uso de tecnologia da Microsoft por forças militares de Israel.
Aqueles de nós que têm prestado atenção sabem que isso é uma mentira descarada – escreveu Lopez, referindo-se à declaração da Microsoft de que não encontrou indícios de uso indevido de seus sistemas no conflito.
Grupo interno acusa Microsoft de cumplicidade
O protesto faz parte da campanha No Azure for Apartheid, composta por funcionários e ex-funcionários da empresa. A princípio, o grupo exige que a Microsoft encerre os contratos com o Ministério da Defesa de Israel, acusando a big tech de “viabilizar um estado de apartheid”.
Além disso, a organização denuncia o uso da nuvem Azure e de ferramentas da OpenAI para vigilância em massa, interceptação de comunicações e apoio a operações militares israelenses. A empresa, por sua vez, nega envolvimento direto e afirma que seu contrato com Israel segue um modelo “comercial padrão”.
Na semana passada, a Microsoft informou que realizou uma revisão interna, apoiada por uma consultoria externa não identificada. Como resultado, disse que não encontrou evidências de que sua tecnologia tenha causado danos a civis em Gaza.
Hossam Nasr, ex-funcionário demitido após um protesto anterior, criticou o posicionamento da companhia.
Está muito claro que a intenção deles não é atender às preocupações dos funcionários, mas sim fazer um golpe de relações públicas.
Além disso, outros protestos recentes marcaram eventos da empresa. Durante a celebração dos 50 anos da Microsoft, manifestantes acusaram executivos como Mustafa Suleyman e o próprio Nadella de “uso de IA para genocídio”.
Apesar do silêncio da companhia até o momento, a mobilização interna cresce. No encerramento do e-mail, Joe Lopez fez um apelo:
Se continuarmos em silêncio, pagaremos por esse silêncio com a nossa humanidade.