O preço do ouro continua a subir, negociado na faixa dos US$2.520 nesta quinta-feira, impulsionado por dados que mostram um aumento na demanda chinesa em julho, marcando o primeiro crescimento desde março de 2024.
Segundo analistas, esse cenário pode ser uma indicação de que o metal precioso está ganhando força, mas há divergências quanto à sustentabilidade dessa alta no curto prazo.
Joaquin Monfort, analista de mercado, comentou sobre o impacto dos recentes dados divulgados pelo World Gold Council (WGC). “O ouro provavelmente está ganhando suporte após os dados mostrarem que as importações líquidas de ouro pela China aumentaram 17% em julho.
Esse é o primeiro aumento mensal desde março, o que sugere um ressurgimento da demanda”, afirmou Monfort. Além disso, um incremento modesto de 8 toneladas métricas (US$403 milhões) em fluxos líquidos na semana passada, liderado por fundos norte-americanos, também foi observado, o que contribui para a valorização do metal.
Outro fator que pode estar favorecendo o ouro é a recente desvalorização do dólar americano, com o Índice Dólar (DXY) recuando para a faixa dos 100,90 pontos, após ter atingido um pico de 101,18 na quarta-feira. “O ouro é negativamente correlacionado com o dólar, então essa queda no DXY está ajudando a sustentar os preços do ouro”, explicou Monfort.
Os investidores estão agora de olho nos dados de pedidos de auxílio-desemprego e no Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA, que serão divulgados ainda nesta quinta-feira, para obter mais clareza sobre o rumo das taxas de juros americanas.
“Os dados de empregos são particularmente relevantes, dado que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, destacou os riscos para o mercado de trabalho decorrentes da manutenção de taxas elevadas durante seu discurso em Jackson Hole”, acrescentou Monfort.
Se os dados macroeconômicos forem negativos, isso pode impulsionar ainda mais o preço do ouro, pois sugeriria que o Fed pode precisar reduzir as taxas de juros mais rapidamente do que o esperado.
Análise preço do ouro
Apesar de uma redução de taxa na reunião do Fed de 18 de setembro já estar precificada pelos mercados, o tamanho dessa redução ainda é incerto. “Ainda há uma possibilidade de um corte ‘mega’ de 0,50%, com as probabilidades em torno de 34,5%, segundo o CME FedWatch Tool”, observou o analista.
Entretanto, nem todos estão otimistas quanto à trajetória futura do ouro. Daniel Ghali, Estrategista Sênior de Commodities da TD Securities, alertou para os riscos de uma posição excessivamente comprada no mercado de ouro. “Os riscos de queda agora são mais potentes. O navio está lotado. Na verdade, ele raramente esteve tão lotado como está hoje. Você tem um lugar garantido no bote salva-vidas?”, questionou Ghali.
Refletindo essa visão cautelosa, a TD Securities anunciou na quinta-feira que está adotando uma posição tática de venda no ouro, com entrada a US$2.533, alvo em US$2.300 e stop loss em US$2.675.
Do ponto de vista técnico, Monfort observou que o ouro está consolidando em uma mini-faixa entre US$2.500 e US$2.531, o que pode indicar uma tendência lateral de curto prazo. “Embora a tendência de médio e longo prazo continue sendo de alta, há incertezas quanto à continuidade desse movimento no curto prazo”, afirmou.
Monfort destacou que, para confirmar uma continuação da alta, seria necessário que o ouro rompesse o máximo histórico de US$2.531, registrado em 20 de agosto. “Um rompimento acima desse nível abriria caminho para o alvo de US$2.550, de acordo com os princípios da análise técnica”, explicou.
Por outro lado, um fechamento diário abaixo de US$2.470, mínimo de 22 de agosto, poderia invalidar essa projeção de alta e sugerir o início de uma tendência de baixa no curto prazo. “Esse movimento mudaria o cenário para o ouro e indicaria que o ativo pode estar começando uma tendência de baixa de curto prazo”, concluiu Monfort.