A Itália enfrenta um escândalo de segurança digital após a descoberta de uma invasão massiva em bancos de dados governamentais, orquestrada pelo consultor de TI Nunzio Samuele Calamucci, que operava a partir de uma pequena sala em Milão.
Segundo promotores italianos, Calamucci, de 44 anos, liderava um grupo de jovens engenheiros de software que acessava remotamente informações confidenciais, incluindo dados do presidente Sergio Mattarella e do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi.
Calamucci teria anteriormente se gabado de ter hackeado o Pentágono como parte do grupo Anonymous.
As investigações revelam que o grupo de hackers baixava dados privados de milhares de cidadãos, incluindo figuras políticas de destaque, aproveitando momentos de baixa atividade nos servidores.
Renzi, uma das vítimas do esquema, expressou indignação e afirmou que a invasão ameaça a democracia italiana.
Roubo de dados e esquema de espionagem milionário
A investigação aponta que a invasão foi coordenada pela empresa Equalize, dirigida pelo ex-policial Carmine Gallo e financiada por Enrico Pazzali, presidente da Fondazione Fiera Milano.
A Equalize teria utilizado um vírus para monitorar bancos de dados governamentais e acessar informações sigilosas sobre transações bancárias e atividades financeiras suspeitas.
Além disso, o esquema contava com espiões infiltrados, garantindo acesso a informações de 800 mil italianos.
Dados hackeados eram vendidos a terceiros ou usados para chantagear empresários e políticos, gerando mais de R$ 19,45 milhões (€3,1 milhões) em lucros ilegais.
O caso já resultou na prisão domiciliar de quatro suspeitos, incluindo Calamucci e Massimiliano Camponovo, investigador particular.
O Ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, descreveu o esquema como “inaceitável” e alertou que informações roubadas poderiam beneficiar adversários políticos e ameaçar a segurança nacional.
Após a revelação do caso, a oposição no parlamento exigiu explicações da primeira-ministra Giorgia Meloni, questionando se há envolvimento de agentes do governo no incidente.
O partido Irmãos da Itália, de Meloni, pressionou por novas leis e penas mais severas contra crimes cibernéticos.
A autoridade de proteção de dados da Itália anunciou a criação de uma força-tarefa para reforçar a segurança dos bancos de dados nacionais.